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sexta-feira, março 20, 2009

Os Livros da Minha Vida

Afirmei que, por vezes, é um autor que temos em alta estima que nos põe na pista de um livro enterrado. «O quê?! Ele gostou desse livro?!», perguntamo-nos; então as barreiras caem imediatamente e a mente não só se torna aberta e receptiva, como fica literalmente em chamas. Acontece com frequência não ser um amigo de gosto semelhante que nos aviva o interesse por um livro morto, mas um conhecimento fortuito. Por vezes esse indivíduo dá a impressão de ser um imbecil e perguntamo-nos por que razão havíamos de reter na memória uma obra que essa pessoa recomendou casualmente, ou talvez não tenha de todo recomendado, mas apenas mencionado no decurso de uma conversa como sendo um livro estranho. Quando estamos mais ociosos, quando não sabemos o que fazer, como se costuma dizer, vem-nos subitamente à memória a recordação dessa conversa e ficamos prontos para dar uma oportunidade ao volume em questão. Vem então o choque, o choque da descoberta. (…)
(…)A referência fortuita de um amigo, um encontro inesperado, uma nota de rodapé, uma doença, a solidão, estranhas subtilezas da memória, mil e uma coisas podem despertar a nossa curiosidade por um livro. Há momentos em que estamos susceptíveis a todo o tipo de sugestões, palpites e insinuações. E há outros em que é preciso dinamite para nos pôr em movimento.

MILLER, Henry

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