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quarta-feira, março 11, 2009

No lado de lá

De lá para cá,
às vezes na corda bamba,
por vezes, sem vontade,
muitas vezes receosa,
outras tantas ansiosa.
De lá para cá,
perderam-se rumos?
alhearam-se os prumos?
Amiúde,
perdida, sofrida,
na imensidão do vazio,
no escuro da solidão.
Por vezes...
De cá para lá
estreitam-se os laços,
faltam os abraços
erguidos, caídos, lassos.
E o calendário muda,
e os dias galopam
e as saudades voltam!
Mas, no lado de lá,
ficou o sorriso,
a atenção, a emoção
de te ter deixado
nesse longínquo teu lado!

maria eduarda

6 comentários:

solange disse...

Que lindo poema!!!
E que bela cidade! A mais bonita de Angola.
Tinha um comentário extenso a propósito da igreja, a casa do "nelso", porém, quando ia a publicar, perdeu-se. Voltarei a escrever, hj já n!
Bj

dinamene disse...

Lindo, sem dúvida...

O Nelso era esse meu querido amigo "imaginário", com quem eu passava horas na conversa??!

maria eduarda disse...

Dinamene,
A tua mãe disse-me hoje na escola, que era mesmo esse "nelso". Fico à espera!
bjo

solange disse...

Vou tentar, em poucas palavras, contar sobre as memórias que essa foto me traz.
Vejo, em destaque, a casa do “nelso”.
Durante os quatro anos que vivi no Lubango (Sá da Bandeira já era passado), depois da independência, nunca voltei a entrar na igreja.
Eu e outros tantos que lá ficámos, jovens cheios de vontade de mudar o mundo, decidimos tornarmo-nos ateus (ou agnósticos, como preferirem) e a igreja, antes tão visitada nas missas de sábado à tarde ou de domingo de manhã, era apenas um ponto de passagem nas nossa andanças do dia-a-dia.
E recordo que a minha filha, com quatro anos, tinha um amigo imaginário, o ”nelso”, com quem brincava, muito sossegadinha. Falava alto, criando histórias e dialogando sem interlocutor visível, pelo menos para nós. E conversava comigo sobre o “nelso”, que lhe tinha dito isto ou aquilo. Tantas e tantas vezes passámos na rua da igreja, de carro, e a vozinha dela «É ali a casa do nelso!». Hoje, passados tantos anos, sinto remorsos por nunca lhe ter proporcionado uma visita à casa do “nelso”. Sei que ela me compreende e também acredito que, um dia, se ela quiser, vai poder visitar, nem que seja só por curiosidade, essa casa. Porque “nunca digas nunca”!!!
E do lado de cá,
”às vezes na corda bamba”, quem sabe se não iremos um dia ao lado de lá!!!

dinamene disse...

Não tenhas remorsos!!
Como agradeço não me terem dado uma educação religiosa, abriu-me portas à minha própria espiritualidade!
Se não me levaste à casa do “nelso” talvez seja porque não te pedi na altura…
Como dizes, talvez um dia voltemos "ao lado de lá"! E o mais certo é que o “nelso” até já tenha mudado de morada;-)

Beijos

dinamene disse...

Curiosidade:

Ainda hoje o "nelso" tem um rosto para mim... Já um tanto desfocado com o passar dos anos, é verdade...

Loiro, com cabelo pelos ombros... talvez uns 20 e poucos anos... Se é que os "anjos" têm idade!