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domingo, maio 24, 2009

Descruzamento de fios difíceis..´

Foto:G.Ludovice 2009

O Engano da Bondade

Endureçamos a bondade, amigos. Ela também é bondosa, a cutilada que faz saltar a roedura e os bichos: também é bondosa a chama nas selvas incendiadas para que os arados bondosos fendam a terra. Endureçamos a nossa bondade, amigos. Já não há pusilânime de olhos aguados e palavras brandas, já não há cretino de intenção subterrânea e gesto condescendente que não leve a bondade, por vós outorgada, como uma porta fechada a toda a penetração do nosso exame. Reparai que necessitamos que se chamem bons aos de coração recto, e aos não flexíveis e submissos. Reparai que a palavra se vai tornando acolhedora das mais vis cumplicidades, e confessai que a bondade das vossas palavras foi sempre - ou quase sempre - mentirosa. Alguma vez temos de deixar de mentir, porque, no fim de contas, só de nós dependemos, e mortificamo-nos constantemente a sós com a nossa falsidade, vivendo assim encerrados em nós próprios entre as paredes da nossa estuta estupidez. Os bons serão os que mais depressa se libertarem desta mentira pavorosa e souberem dizer a sua bondade endurecida contra todo aquele que a merecer. Bondade que se move, não com alguém, mas contra alguém. Bondade que não agride nem lambe, mas que desentranha e luta porque é a própria arma da vida. E, assim, só se chamarão bons os de coração recto, os não flexíveis, os insubmissos, os melhores. Reinvindicarão a bondade apodrecida por tanta baixeza, serão o braço da vida e os ricos de espírito. E deles, só deles, será o reino da terra.

Pablo Neruda, in "Nasci para Nascer"

segunda-feira, abril 27, 2009

Me gustas cuando callas

Me gustas cuando callas porque estás como ausente,
y me oyes desde lejos, y mi voz no te toca.
Parece que los ojos se te hubieran volado
y parece que un beso te cerrara la boca.
Como todas las cosas están llenas de mi alma
emerges de las cosas, llena del alma mía.
Mariposa de sueño, te pareces a mi alma,
y te pareces a la palabra melancolía.
Me gustas cuando callas y estás como distante.
Y estás como quejándote, mariposa en arrullo.
Y me oyes desde lejos, y mi voz no te alcanza:
déjame que me calle con el silencio tuyo.
Déjame que te hable también con tu silencio
claro como una lámpara, simple como un anillo.
Eres como la noche, callada y constelada.
Tu silencio es de estrella, tan lejano y sencillo.
Me gustas cuando callas porque estás como ausente.
Distante y dolorosa como si hubieras muerto.
Una palabra entonces, una sonrisa bastan.
Y estoy alegre, alegre de que no sea cierto.

Pablo Neruda

sexta-feira, abril 17, 2009

É Proibido
É proibido chorar sem aprender,
Levantar-se um dia sem saber o que fazer
Ter medo das lembranças.
É proibido não rir dos problemas
Não lutar pelo que se quer,
Abandonar tudo por medo,
Não transformar sonhos em realidade.
É proibido não demonstrar amor,
Fazer com que alguém pague pelas tuas dúvidas
E mau humor.
É proibido deixar os amigos
Não tentar compreender o que viveram juntos
Chamá-los somente quando necessitas deles.
É proibido não seres tu mesmo diante das pessoas
Fingir que elas não te importam,
Ser gentil só para que se lembrem de ti,
Esquecer aqueles que gostam de ti.
É proibido não fazer as coisas por ti mesmo,
Não crer em Deus e fazer o teu destino,
Ter medo da vida e dos teus compromissos,
Não viver cada dia como se fosse um último suspiro.
É proibido sentir saudades de alguém sem te alegrares,
Esquecer seus olhos, seu sorriso,
Só porque seus caminhos se desencontraram,
Esquecer o teu passado e apagá-lo com o teu presente.
É proibido não tentar compreender as pessoas,
Pensar que as vidas delas valem mais que a tua,
Não saber que cada um tem o seu caminho e a sua sorte.
É proibido não criares a tua história,
Deixar de dar graças a Deus por tua vida,
Não ter um momento para quem necessita de ti,
Não compreender que o que a vida te dá, também te tira.
É proibido não buscar a felicidade,
Não viveres a tua vida com uma atitude positiva,
Não pensar que podemos ser melhores,
Não sentir que sem ti este mundo não seria igual.
Pablo Neruda

quarta-feira, maio 14, 2008

Se não puderes ser um pinheiro, no topo de uma colina,
Sê um arbusto no vale,
Mas sê
O melhor arbusto à margem do regato.
Sê um ramo, se não puderes ser uma árvore.
Se não puderes ser um ramo, sê um pouco de relva
E dá alegria a algum caminho.
Se não puderes ser uma estrada,
Sê apenas uma senda,
Se não puderes ser o Sol,
Sê uma estrela.
Não é pelo tamanho que terás êxito ou fracasso...
Mas sê o melhor no que quer que seja.

Pablo Neruda
(a foto é da Isaura)