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domingo, julho 01, 2012

Dedilhar



E o som da guitarra
dedilhada, tangente,
abafa os meus passos
outrora devassos,
de ébrios cansaços,
revelados apenas
na corda errante
de uma guitarra
perdida no tempo.

maria eduarda

quinta-feira, maio 31, 2012

Janela

Das muitas janelas da minha casa,


Aquela mantinha-se fechada há anos, já nem me lembrava sequer para que lado do jardim dava...

Sabia que não era para um local desagradável, pois alguma luz entrava por ali, mesmo com as persianas fechadas...

Não podia ser, com certeza, para o lado escuro do jardim, húmido e fresco de arvoredos, escondendo obscuros segredos.



A minha casa é imensa, parece que todo o universo está lá dentro, até me perco por vezes nos corredores do meu mundo interior...

Por isso vou abrindo janelas, algumas todos os dias, tentando que o mundo exterior me recorde quem sou....

Parecem espelhos as minhas janelas, vejo-me melhor quando espreito por elas...

Gosto de sentir o universo inteiro entrar no universo que sou.



Porém, aquela janela, não tinha pressa em abri-la... Como tantas outras que mantenho encerradas...

Estava assim, à espera do momento certo,

Aguardava que alguém batesse do outro lado, talvez o vento....



Algumas sei que não vou abrir, sei onde vão dar, e não quero ver esses mundos densos, estão bem fechadas...



Aquela grande janela estava no esquecimento, talvez...

(Não tenho pressa, sei que há um momento para tudo, que somos guiados por uma voz interior que sabe exatamente o que é melhor para nós.)

Porém, ao passar pela sala azul, olhei a janela de soslaio e vi como estava cheia de pó e como a luz já não entrava com tanta intensidade nas sombras da poeira da sala.

Cuidadosamente limpei-a e ouvi uma melodia do outro lado.... um assobio.....

Ao abri-la o vento de luz foi de tal maneira forte e intenso que caí ao chão arrebatada e logo suavemente o vento me segurou com doçura e me fez voar para fora da janela em sonhos de mil cores... E brilhos dourados.



De súbito, na minha ilusão, a janela fechou-se num estrondo, vi-me parada a olhar para ela, a luz a tentar entrar, o vento lá fora a bater.



Está fechada agora a janela, evito passar pela sala para não demorar ali o olhar,

Parvoíce, receio que a luz me cegue….





Um dia vou lá, perco o medo, abro-a de par em par....

segunda-feira, abril 23, 2012

Dia Mundial do Livro


domingo, abril 08, 2012



Hoje foi dia de te amar
dia de reviver, dia de sentir!
Hoje foi   dia  de     gostar
dia    d e . . . 


mas hoje afinal já não era dia
porque no fundo eu sabia
que entre pétalas se escondia
o néctar mais amargo


...e neste dia afinal aziago
desbravado pelo tempo
de tão rápido se fez lento
por esperar 




e  es pe r ar


e. . .   e s p e r a r .










d e   n o v o .
 

quarta-feira, março 21, 2012

Vacilar

Talvez me invente
em canções,
trauteadas por ti.
Talvez queira ser
a denúncia da vida,
quando não me olhas.
Talvez de ti
venha o som
do arrufar de tambores
em busca de mim.
Talvez eu vá,
breve ou adiada,
num gesto, ou alada,
rever a beleza
da sinfonia
que sempre tocaste.


maria eduarda

terça-feira, março 20, 2012

...um grupo inteiro.

..UM GRUPO INTEIRO.


Só mais uma vez!


Pode ser por exemplo.... entre a penúltima vez em que nos vimos e a última em que só eu
te vi... pode haver apenas mais uma?
Porque não uma despedida... assim:
curta e breve?

Um abraço...ou um beijo assim
ao de leve?


Permites-me talvez uma dança? Ou então tu não.
Dá-me só mais um
segundo, só mais um
sorriso... dá-me só mais um
um... pouco de esperança.


Ou então esquecemos isto. E páras de brincar com coisas sérias!?


Porque acordei com os pássaros de novo... E o sol estava firme e
o
mar
azul!
E o dia continuava belo e
li escrito no céu a palavra F E L I C I D A D E !
Ou era
A L E G R I A ?

Não é verdade:porque
agora
eu
sei.

Mas é que parecia mesmo...
E o céu nunca mentiu antes!E não desta vez... por falar nisso...
mas tu
lembras-te
d a q u e l a vez...? Sim DAQUELA!


Epá...! Era tudo nosso!
Vitórias!
E sorrisos!
E peito cheio!
E
c a r a m b a . . .
ninguém nos parava! Planos mil... ideias cinco mil! Certezas do tudo e do
nada.

Oh se era... como poderia não ser? É que
era
mesmo! E
depois vinha o resto... e aí então... Ui! Nem quero pensar...


Eu sei que tu te lembras. Como esquecer?
E ainda antes...
ou talvez não. Que as imagens se misturam.
Isto está mais
turvo.
Agora.


É que eras só tu! Mas entretanto agora fazes parte do grupo.
Nunca pensei... tu... num grupo?
Mas eras único!


E agora já não és tu. Ou melhor...: não és 
s ó 
tu.
São vários. Já nem sei ao certo...



Mas diz-me lá... ao menos estão bem? Todos aí? É que... grande confusão!
Gostos diferentes... idades diversas... opiniões desgarradas... tschiii...


Mas se calhar é assim mesmo.
Olha um dia destes também vou.Mas não já.
Há sempre aqui tanto que fazer... e também não avisaste.
Ah ok... uns avisaram... pois
eu
sei.

Mas tu não.E ele também não... epá....
olha que eu tenho tudo apontado.


O melhor é... é que até sabe bem falar assim contigo!
Estás até a comunicar mais que habitualmente. LOL!


Olha sei lá.






Vocês foram todos e
deixaram-me
aqui




 
 
 
 
 
 
 
 
sozinho

sexta-feira, janeiro 20, 2012

Reerguer



No contar das horas,
acumulam-se dias,
numa adição constante
do ser andante
procurando luz.
As sombras tardias
preenchem espaços,
roubados, vilipendiados,
e partem de rompante,
taciturnas,vencidas,
por que a claridade
invadiu a escuridão
e povoou pedaços
quase perdidos,
quase esquecidos.

maria eduarda