À espera do comboio, começámos a falar banalidades, como se sempre tivéssemos conversado…
Depois descobrimos que tínhamos as mesmas origens africanas, o que logo explicou a fluida comunicação…
Não voltámos a encontrar-nos, mas ficou-me a frase daquela desconhecida ao olhar-me nos olhos, “Você é feliz! E olhe que eu sou muito viajada”…
Sorri, na altura. Dir-lhe-ia, agora:
“Sim, sou feliz…
…Porque aprendi a valorizar as coisas simples, os momentos de amor, de partilha, os lugares bonitos, as pessoas grandiosas. Porque aceito as dificuldades e vejo-as como barreiras a ultrapassar, porque adoro viver, sentir, saborear, ouvir, ver, estar….
Especialmente, sou feliz, porque me deixaram ser criança!”
Lembro-me da minha infância com alegria, lembro-me como se tivesse durado uma eternidade… Agora a vida passa depressa, mas naquela altura, não…
Não tive algumas coisas, faltaram-me (talvez) brinquedos que não me fizeram falta…
Tive afectos, possibilidade de sonhar, amigos, liberdade… Não passei fome, dormi sempre bem, fui saudável, apenas vi a sombra da guerra sem ter de marchar nela, também perdi amigos que me ensinaram que a vida era demasiado boa para a desperdiçarmos, aceitei a realidade da vida e da morte…
Por isso, agora, Sou feliz…
Fui Criança!
Deixem os meninos e as meninas de hoje viverem a sua infância com todo o sonho que nela cabe, dêem-lhes casa, cama, comida, Amor…. E Sobretudo, TEMPO!
Dinamene 2010/06/01