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domingo, abril 19, 2009



Os dias passam rápido.

Quantas vezes não olhamos para trás e pensamos
"neste dia não fiz nada de especial ou extraordinário"…

Os dias passam, as semanas, os meses, os anos. Às vezes pode parecer
que nada de fantástico ficou para trás, mas olhando bem, quantas
coisas se vivem em meia dúzia de anos! Pelo menos assim é comigo.

Não sou nova, nem velha…. Por vezes sinto-me ainda uma
criança a descobrir tudo… especialmente quando brinco com os meus
filhos ao faz de conta, tão real… Outras vezes percebo que já cresci,
olho as minhas memórias, de rompante, e percebo que estão recheadas de
muitos dias extraordinários, de muitas histórias, de tantas

experiências, boas e más, e olhando-me no espelho, vejo uns tracinhos
a desenharem-se no meu rosto, sinal da passagem do tempo com emoção
(porque só as nossas emoções levam às expressões que ficam marcadas no
rosto!). Reparo também num cabelo branco que timidamente se mistura
com os outros… arranco-o! Fixo-o como se fixasse o tempo, o tempo que
não pára, o tempo que inevitavelmente passou, e rio-me pela ilusão de
ter suspendido o passar dos anos ao arrancar aquele cabelo.

Olho mais, agora para dentro dos meus olhos, reflectidos no espelho… os dias
passam rápido, às vezes insignificantes!
Há tantos dias que já nem me lembro,
há tantas coisas que vivi e até já esqueci,
há tantas memórias perdidas em vazios de pensamento,

memórias que apenas ficam no desenho
das rugas ou na brancura de um fio de cabelo…


Mas também há memórias que nos enriquecem as ideias, os pensamentos e
vivem na nossa cabeça, às vezes mais coloridas que a realidade que
vivemos, outras vezes mais pálidas… Memórias reinventadas!

Ao olhar profundamente para o reflexo dos meus olhos no espelho, são essas
memórias, aparentemente infinitas, que sinto povoarem-me o espírito,
que me deixam a sensação de já ter vivido tanto, tantas vidas nesta
vida, tantos anos mais que trinta nos trinta anos que vivi.

Porque há memórias que parecem durar uma eternidade, mesmo que tenham acontecido
em poucos minutos. Porque o tempo passa, mas o tempo que dura o tempo
talvez seja apenas uma ilusão, e o tempo passa lento ou rápido
dependendo de como sentimos os dias,
mas também o reflexo dos dias nas nossas memórias.

Nas memórias da vida, não há experiência mais forte e feliz que o
nascimento de um filho. É espiritual e material, divina e humana.
Amarga de dor e doce de prazer. As experiências do nascimento dos meus
filhos foram igualmente belas, mas muito diferente uma da outra…

Memórias. Memórias reinventadas. Descritas em palavras para vos
comunicar. Memórias tão infinitas que, em cada dia, as descreveria
diferentes. Memórias do nascimento, entre a morte e a vida. Memórias
de antes de nascer e de depois. Talvez memórias de dias que ainda não
chegaram… Antevisões, Previsões, Profecias? Memórias de todos os
tempos. Memórias de todas nós, mulheres, mães, deusas, anjos sem asas
com pensamentos que voam….

Dinamene

terça-feira, março 24, 2009

Amanhecer

De todos os cantos do mundo
Amo com um amor mais forte e mais profundo
Aquela praia extasiada e nua
Onde me uni ao mar, ao vento e à lua.

Sophia de Mello Breyner Andresen


«Recordo-me, num Verão que dormi na praia, com amigos…

A noite magnífica, a água apetecível, com um luar cheio iluminando-nos…
O banho no mar, de noite, com a minha filha, a minha prima Kiki e o Valter…. Os gestos fluorescentes na água, os risos arrepiados e felizes…

Ao nascer do sol a Kiki e o Valter quiseram dar mais um mergulho nas águas limpas e aparentemente “pouco frias” do oceano.
Penso que nenhum dos dois terá esquecido esse amanhecer na praia, eu lembro-me…
Ensonados, lá fomos os três desafiando os elementos, correndo na areia, acenando ao sol, inspirando intensamente a manhã, integrando-nos nas águas do mar!
Nadávamos na manhã silenciosa e clara, de um dourado e branco inesquecíveis…
de um lado a lua cheia e grande ainda se via, do outro o sol aparecia.

E nós mergulhámos, nadando devagar, flutuando, rindo, partilhando o prazer infinito de viver e estar assim envolvidos em água, carícias de mar.
Foi um amanhecer divino, um momento indescritível, a existência inegável de ténues e vaporosas membranas entra a vida e a eternidade.

Acrescentaria à quadra de Sophia…
“Onde me uni ao mar, ao vento, ao sol e à lua.”

Saudades da praia.»

Dinamene