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terça-feira, março 08, 2011

A viagem

Abri-te a porta,
e tu levaste-me
a navegar
a favor da maré.
Confusão de sentidos,
em uníssono disparo
no mesmo alvo.
Enclausurada
no teu abrigo
repleto de luz,
percorremos juntos
o caminho,
sem perguntas,
porque as respostas
já as assimilámos
nos nossos sentires.


maria eduarda

segunda-feira, março 07, 2011

o tempo, subitamente solto

Symphony in Red and ...
Laurie Maitland


o tempo, subitamente solto pelas ruas e pelos dias, como a onda de uma tempestade a arrastar o mundo, mostra-me o quanto te amei antes de te conhecer. eram os teus olhos, labirintos de água, terra, fogo, ar, que eu amava quando imaginava que amava. era a tua a tua voz que dizia as palavras da vida. era o teu rosto. era a tua pele. antes de te conhecer, existias nas árvores e nos montes e nas nuvens que olhava ao fim da tarde. muito longe de mim, dentro de mim, eras tu a claridade.

José Luís Peixoto

quinta-feira, fevereiro 24, 2011

Viajo

Viajo,
sem bagagem,
só eu.
Entram-me
nos olhos,
imagens,
daqui e dali.
E continuo,
sem paragens.

No cansaço
da travessia,
acordo do sonho,
e daqui e dali,
imagens reais,
palpáveis,
relembram-me o sonho,
no sono.

Sem bagagem,
sem bilhete,
só eu.


maria eduarda

sexta-feira, fevereiro 18, 2011

Da vida


daqui

Ouço os passos da noite

pesados de escuridão,

na letargia do sono.

Imóvel,

sustenho a luz

que me invade

e me liberta

para a vida.



maria eduarda

segunda-feira, fevereiro 14, 2011

Por inteiro


Não sei rir,

sem motivo.

Não sei partir,

estando inteira.

Não sei sofrer,

em metades.

Em tudo o que faço,

em tudo o que sinto,

sou toda,

plena de vontades.



maria eduarda

quinta-feira, outubro 07, 2010

Com sentir


Na medida do sentir,
surge a reacção,
às vezes irreflectida,
às vezes grotesca,
às vezes calorosa.
Mas, no sentir imenso,
profundo, pensado,
às vezes o nada
acontece no vazio,
fruto do pensar
que em chão árido,
só sobrevive a flor
que poucos vêem
dentro de nós.

maria eduarda

sábado, julho 24, 2010

Transmissão

Invadem os ares,
oferecem energia,
na beleza esguia,
no sussurrar do vento.
Transmitem poder,
força vital,
liberdade...

E alcançam-me,
em passagem,
até perder de vista,
a hélice
em movimento,
sempre em renovação,
bate-me a mensagem
de coragem,
de aceitação.

maria eduarda

sexta-feira, julho 02, 2010

Aprisionadas

daqui

Albergo as palavras
no parapeito
da minha voz interior,
pronta a soltá-las,
mas em vão...

Por enquanto,
são novelo bravio,
difícil de desatar.

Um dia, ligeiras,
soltarão o som,
mensageiro de sentido.

Até lá,
não ousam
sair da minha janela,
frouxa, rangente,
aguardando permissão
de luz verde
nas luminosas manhãs,
quando a sonora gargalhada
as acompanhar.

maria eduarda

terça-feira, junho 22, 2010

O meu espaço

Chego mais cedo,
invado o espaço,
e descanso.
Apoio-me
na penumbra
do pensamento
inacabado.
Dou-lhe vida,
movimento,
embalo-me nele
e afogo-me no sonho.

Partir? Para quê?
Aqui,
encontro o espaço
onde o sonho
é permitido,
e me conduz
os passos,

maria eduarda

domingo, junho 06, 2010

Na casa grande

Na casa grande,
na rua que sobe,
ficaram os sons,
os sonhos, os passos,
que preencheram
a nossa infância.
Na casa grande
havia o pátio,
o jardim, o quintal,
as árvores de fruto,
o cheiro a terra molhada,
e a tua voz.

Na casa grande
vivemos muito,
no meio de festas,
de jogos, de risos,
e da tua voz.
A casa grande
ainda viverá?
Talvez,
povoada de sombras,
de ecos de risos,
de choros,
de suspiros,
e da tua voz!

maria eduarda

terça-feira, junho 01, 2010

Se eu fosse um rio

Worship Ceremony at ...
Keren Su


Perguntaste-me, um dia, por que vogava, assim,
Tão à deriva, tão perdida de quem eu sou...
Por que desconhecia os perigos do caminho onde estou,
Por que me deixava cair, se estava perto do fim...

E eu respondi:"Se eu fosse um rio, calmamente
Avançando pelo leito que me foi preparado,
Lamentando, apenas a foz distante e o mar salgado
O marulhar selvagem e a maré impertinente.

Seria aquilo que esperam de mim, protegida
Pelas margens que me acompanham na descida,
Pelo correr inexorável das águas em meu redor...

Mas eu sou uma cascata lançada ao acaso pelo ar,
Tornada etérea pela força que me impele a saltar
Para o abismo, sem saber se encontrarei luz ou dor."

Sofia Pedro

quarta-feira, maio 26, 2010

Voar

Talvez me sente
a contemplar as nuvens,
almofadas de algodão,
onde aconchego
os meus sonhos.
Talvez assim,
neste macio sentir,
adormeça as asas,
ávidas de voar,
ou
talvez lhes dê
um corpo de pássaro,
na aprendizagem
do voo prometido.

maria eduarda

quinta-feira, maio 20, 2010

Ecos

E é tudo,
quando nada
se tem.

E é nada,
quando se instala
o vazio.

E o vazio?

É o nada
de tudo.

maria eduarda

segunda-feira, maio 17, 2010

Da luz

A luz

escondeu-se

do meu horizonte

crepuscular.

Levo o laranja,

dobro-o

na bainha

dos meus lençóis,

da cor da paz.

maria eduarda

segunda-feira, maio 10, 2010

Do ventre

As pegadas
que marco
na passagem
deste chão,
desfazem-se
ao vento,
em grãos luzidios.
Caminham sem mim,
rumo ao Sul,
de onde parti.
Lá,
procuram irmãos,
de marcas passadas,
profundas, visíveis,
inolvidáveis.
maria eduarda

terça-feira, maio 04, 2010

Intenção

Não tenho de mim,
senão eu...
Tantas vezes
incrédula,
tantas vezes
em busca!
E sou eu,
em vários estares
que me surpreendem,
na vontade que me habita
de ser sempre eu,
ontem como agora,
amanhã como outrora.
Ter força para voar,
firmeza em saber planar,
e voltar,
num sereno aterrar.

maria eduarda

terça-feira, abril 27, 2010

A verdade


A verdade
escorrega
pela pele.
O poro
selou-lhe
a entrada,
porque
há verdades
que só podem
deslizar,
não devem
o coração,
desfragmentar.

maria eduarda

quarta-feira, abril 21, 2010

Da culpa

Às vezes,
inadvertidamente,
não alimento
a amizade,
e ela,
lentamente,
voa,
noutra direcção.

Talvez me leve,
naquilo que deixou
em mim, vazio.

maria eduarda

sexta-feira, abril 16, 2010

Viajo sem mim

Amanhã,
no azul do dia,
no canto da ave,
no bater das asas,
saio sem mim.
Volto mais tarde,
evadida sem lugar,
colo-me inteira
à nudez do tempo,
à sombra da noite,
à escuridão consentida.

Vou sem mim,
nos dias em que não estou.

maria eduarda

segunda-feira, abril 12, 2010

Em busca


fotografia de maria eduarda

Persigo a paz,
constantemente.
Às vezes, insinuante,
ela
espreita-me e foge.
Na solidão,
exijo-a por companhia.
Quando me distraio,
na indecisão,
ela,
criança rebelde,
não me obedece,
e parte comigo
na lágrima
da ilusão.

maria eduarda