Sou prateado e exacto. Não tenho preconceitos. Tudo o que vejo engulo imediatamente Do jeito que for, desembaçado de amor ou aversão. Não sou cruel, apenas verdadeiro - O olho de um pequeno deus, de quatro cantos. Na maior parte do tempo medito sobre a parede em frente. Ela é rosa, pontilhada. Já olhei para ela tanto tempo, Eu acho que ela é parte do meu coração. Mas ela oscila. Rostos e escuridão nos separam a toda hora. Agora sou um lago. Uma mulher dobra-se sobre mim, Buscando na minha superfície o que ela realmente é. Então ela se vira para aquelas mentirosas, as velas ou a lua. Vejo as suas costas, e as reflicto fielmente. Ela me recompensa com lágrimas e um agitar das mãos. Sou importante para ela. Ela vem e vai. A cada manhã é o seu rosto que substitui a escuridão. Em mim ela afogou uma menina, e em mim uma velha Se ergue em direcção a ela dia após dia, como um peixe terrível. Sylvia Plath |
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terça-feira, março 10, 2009
ESPELHO
Pintura: Jo Delgas (Benguela 2006)
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