Tudo está no seu sítio.
As aparências apagaram-se.
As coisas vacilam
tão próximas de si mesmas.
Concentram-se, dilatam-se
as ondas silenciosas.
É o vazio ou o cimo?
É um pomar de espuma.
Uma criança brinca nas dunas,
o tempo acaricia, o ar prolonga.
A brancura é o caminho.
Surpresa e não surpresa:
a simples respiração.
Relações, variações, nada mais.
Nada se cria. Vamos e vimos.
Algo inunda, incendeia, recomeça.
Nada é inacessível no silêncio ou no poema.
É aqui a abóbada transparente,
o vento principia.
No centro do dia há uma fonte de água clara.
Se digo árvore , a árvore em mim respira.
Vivo na delícia nua da inocência aberta.
António Ramos Rosa, in "Volante Verde"
2 comentários:
Tão bonito o poema!
E na imagem, a árvora da Luna, no jardim da Alameda (certo?).
Beijo
Claro que é a árvore da Luna!!!
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