...Dar prendas está a tornar-se cada vez mais difícil. Onde há ainda lugar vago? Oh, esta dor de já não sabermos o que desejar! Foi tudo satisfeito. O que nos falta, dizemos, é a necessidade, como se quiséssemos fazer dela um desejo. E continuamos a dar presentes inexoravelmente. Já ninguém sabe quem, nem o quê, nem quando lhe caiu benevolamente em cima. Saciado e carente era o meu estado, quando pus a mim próprio, a pergunta sobre o que queria no Natal e desejara que fosse uma ratazana.
Naturalmente, fizeram troça de mim. Não faltaram as perguntas:- Na tua idade? É mesmo a sério? É só porque estão na moda? Por que não uma gralha? Ou, como no ano passado, peças de vidro soprado artesanalmente? Bom, se é isso que queres, gostos não se discutem...
In: Gunter Grass, A ratazana
Naturalmente, fizeram troça de mim. Não faltaram as perguntas:- Na tua idade? É mesmo a sério? É só porque estão na moda? Por que não uma gralha? Ou, como no ano passado, peças de vidro soprado artesanalmente? Bom, se é isso que queres, gostos não se discutem...
In: Gunter Grass, A ratazana
1 comentário:
Realmente já há tudo ao acesso de muitos, já temos quase tudo… Demasiado!
A loucura do consumismo, a vontade insaciável de ter, de preencher um espaço vazio…. Onde não cabem “coisas”, bens materiais, onde talvez apenas o tempo para os afectos tenha lugar.
E ainda há quem tenha tão pouco, a quem falta quase tudo!
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