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sexta-feira, abril 17, 2009

Coisas que se pensam quando qualquer outra coisa seria menos inútil

foto:g.ludovice 2009

Vai-se cedendo com resistência à verdade, conforme o espaço vai minguando dentro de nós por ela entrar sempre de rompante, descuidando os para quês da existência.
Às vezes pela noite, as pessoas têm sonhos maiores.
Tem-se uma lista. Não está escrita em suporte algum, é só uma coisa assim de memória mas que não sofre o vago dos assuntos com pernas para fugir. As nossas preferências têm casa dentro de nós, tal como uma mulher tem lar dentro dela mesma. Sentam-se na beira da cama, tipo mãe de filho crescido, a olhar-nos auspiciosamente. Vão connosco até quando nos dispomos a socializar e fica à mesa das conversas, aquela sensação de sem par.
Um atento demiurgo haveria de dar outra forma à moldura das fachadas, que aliás estão por todos os cantos numa cidade ou num rosto, pois vez por vez, os nossos sonhos mudam de um lado para outro lado ainda de nós, como à procura de sol os inquilinos do inverno, o que nos faz ganhar um novo eixo e parecer que afinal estamos inclinados em relação à verticalidade das portas do mundo dos outros.

4 comentários:

maria eduarda disse...

Lindo!

Rita disse...

Às vezes há mundos que têm outras portas de entrada. O difícil é, no labirinto, encontrá-las. Saber por onde ir e como caminhar. Se na horizontal ou na vertical. É preciso saber também, uma vez encontrada a porta, se devemos entrar, ou ficar à espera que a porta entre em nós, abdicando do eixo em que se encontra.

G. Ludovice disse...

E saber discernir se foi a porta que entrou em nós ou a nossa fantasia que a criou.. é sempre a interpretação que muitas vezes nos falha. Um erro de cálculo, diria Pitágoras.Deve ser a nossa existência não coincidir com nada mas sabendo que tudo sofre plasticidade e aí, plantar a nossa esperança.

maria eduarda disse...

Às vezes precisamos de entrar na oblíqua, para se for o caso, ou não, adoptarmos outra postura, e então entrar na porta certa, ou permitir que ela entre em nós!

Gostei dos comentários da Rita e Gabi...