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quinta-feira, abril 02, 2009

Ao meu Avô


Devido à minha curta experiência, o pensamento e a própria divagação sempre foram fiéis amigos, na ambição de perceber e saber mais.Pai não sou, nem conheço os meandros de tais sentimentos. Porém, como qualquer ser humano, e porque a natureza assim o obriga, sou filho.
Toda a minha vida, e mais vincadamente nestes últimos tempos, tenho compreendido e seguido a ideia da importância de uma pessoa na sua própria vida, na vida institucional e no seio da sua família e amigos. No entanto, quando o discurso nos leva para estes cantos centrais do pensamento, os sonhos de grandiosidade e grandes sucessos rapidamente se desvanecem, dando então lugar à própria filosofia da importância da vida.
Não posso afirmar que conheci muito bem o Comandante, Pai e Avô Armando. Fui sim, com um olhar curioso desvendando o seu legado e percebendo a sua obra ao longo dos tempos, ainda que de forma substancialmente superficial.
Acredito que ninguém nasce ensinado e que a vida é uma teia de influências, ensinamentos e experiências. Aqui, sem qualquer sombra de dúvida, tenho que mencionar o meu próprio pai, companheiro e camarada de vida, tal como a minha mãe, cuja forma de estar e sentido de vida tentarei com a maior fidelidade transmitir aos meus descendentes.
Mas quem é então este homem de que todos falam? Qual a sua obra? Qual o seu legado? Qual a importância da sua vida no espaço que o envolve?
Começando por esta última questão, acredito que não uma, nem duas, mas sim três vidas tenha vivido/esteja a viver, o meu avô.
· A vida deixada em África, a obra que muitos considerariam de uma vida inteira, que a infelicidade do destino e das condições políticas e sociais da altura obrigaram a mudanças inesperadas;
· A vida de dedicação a uma causa. Queria pessoalmente realçar este aspecto e pedir aos leitores alguns minutos de introspecção. E repito: a vida de dedicação por uma causa. A mudança, a construção, o desenvolvimento, o trabalho em tão nobre e fundamental instituição como os Bombeiros Voluntários;
· O legado. O espírito que paira, a determinação que transmite, a vontade de viver que o caracteriza. No meu entender o fruto de uma vida.
Li algures, que o Comandante Armando Cardoso Soares aproximou a instituição à qual tanto se dedicou, da política, da sociedade e das pessoas. Acredito que o trabalho de uma vida é da maior importância, seja o próprio trabalho em si ou a educação, através do exemplo, de novas gerações. Considero estes como os mais altos valores na vida de qualquer ser humano, e direcciono a minha própria existência para o seu cumprimento.
Mas uma pergunta subsiste. Qual é então o verdadeiro legado?No que me diz respeito, o seu exemplo jamais será inconclusivo. É sim, sem qualquer dúvida, um exemplo forte e seguro, merecedor do nosso tempo e reflexão, pois só assim se poderá percorrer a obra, profissional, humana e familiar, e retirar as devidas lições. Ficarei à espera de tão almejada biografia.Sem o Comandante, Pai e Avô nada disto seria possível.
Um abraço querido, do teu neto e amigo,Vasco Miguel Martins 1/04/2009, Londres

2 comentários:

EMD disse...

Filho apurado, como os teus versos.
Bela obra!

maria eduarda disse...

Obrigada. Tenho saudades deste filho!