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segunda-feira, agosto 11, 2008

Presídio

Nem todo o corpo é carne... Não, nem todo.
Que dizer do pescoço, às vezes mármore,
nuvem, ou ave, ao tacto sempre pouco...?


E o ventre, inconsistente como o lodo?...
E o morno gradeamento dos teus braços?
Não, meu amor... Nem todo o corpo é carne:
é também água, terra, vento, fogo...


É sobretudo sombra à despedida;
onda de pedra em cada reencontro;
no parque da memória o fugidio


vulto da Primavera em pleno Outono...
Nem só de carne é feito este presídio,
pois no teu corpo existe o mundo todo!


David Mourão-Ferreira, Poemas de Amor

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