LEGENDA: PÔR-DO-SOL NO BOOM FESTIVAL, AGOSTO 08
Pediste-me mana, pois aqui te dou:
"...39 anos depois de numa fazenda em Bethel - Nova Iorque, durante os dias 15, 16 e 17 de Agosto se ter realizado o mítico Festival de Woodstock, tive eu direito ao meu entre os dias 11 e 18 do também mês de Agosto mas não em 1969... em 2008.
Sem saber ao que ia, também assim foi o Boom: um encontro de culturas, sob o signo da liberdade. Sem maldade, sem a jogadinha escondida, sem a carta debaixo da manga. Olhos nos olhos, cara a cara. Como devia SEMPRE ser.
Afinal é possível ir aqui "mesmo ao lado", a Idanha a Nova e mudar completamente o paradigma. Continuar em Portugal num local paradisíaco, onde os (bons) portugueses são uma escassa percentagem. E onde desde asiáticos a africanos, de mais ou menos excêntricos... todos se dão bem.
É afinal ainda possível sentir a partilha e assumir valores como o da solidariedade presentes em todas as horas do dia. Ver simplesmente o pôr-do-sol, dançar como se não houvesse amanhã, nadar livremente, meditar, observar simplesmente quem passa ou fazer uma escultura com as pedras que temos à mão.
Ter sede e alguém oferecer-nos água, ter fome e haver logo uma peça de fruta por perto. Um "viajante" quem sabe tatuado da cabeça aos pés, ou vestido de elfo, ou com asas douradas como um anjo, ou com qualquer fantasia com a qual simpatizava, cruzar-se connosco educadamente e simplesmente sorrir.
E tantos sorrisos que me marcaram! E outros tantos devolvi...
Energia tão positiva que chegava ao ponto de ser telepática. Pensar em alguém que ainda não tínhamos visto e no meio de 40.000 pessoas e vários hectares de terreno, em segundos ela aparecer ao nosso lado... estranho? Não. Nesta pequena mostra de universo, também ali se percebia que o "mundo é de facto redondo"...
Encarar a nudez com a tremenda simplicidade de dar o direito a quem se quer despir para que se dispa, e a quem o não quer fazer, que o não faça. O mesmo aplicável ao consumo de substâncias psico-activas. Informação com fartura sobre os efeitos, acompanhamento médico e psicológico permanente, análise gratuita das substâncias para aferir do seu grau de pureza. Tudo sem considerações de valor. Sem ferir a liberdade de cada um.
Juntarem-se centenas, milhares de pessoas apenas para ver nascer ou "sair de cena" o sol... Mas também podermos estar sós naquele "momento só nosso" com a anuência e a compreensão de todos.
Sabermos que se uma mulher/homem nos olha, ou se olhamos para alguém, não é necessariamente um olhar em busca "daquele algo mais".
E sim, tocar... Musicalizar cada segundo que passa. Oferecer ritmos e notas soltas ao viajante do tempo e do espaço que talvez não mais volte a ver. E partilhar (como o fiz) o melhor solo de sempre, com aqueles que já possuem nível técnico elevado... mas também com os que ainda agora começaram a aprender. Fazê-lo não só com os instrumentos conventuais, mas com paus, com pedras, com latas, com garrafas e com tudo o que entretanto encontramos à mão... Observar uma multidão desconhecida, de todo o mundo mas substancialmente erudita e sabedora, bater-nos palmas e entusiasmar-se... e os nossos amigos comoverem-se.
E isso tem que mudar uma pessoa. Ou por outra... tem que remexer na nossa essência e trazê-la de volta. E lembrar que estamos vivos.
E que bela que é a vida! E o que fazer com ela? Ah pois é...
O reencontro comigo, diz-me que não podemos fugir do que nos faz felizes. Ou por outra... se o podemos, está nas nossas mãos não o fazer.
O papel do dinheiro nesta equação, não pode ser per si o objectivo. Que nos aprisiona, que nos controla as horas, que nos impele a fazer coisas que não gostamos, que nos conduz ao altar do ilusório.
O equilíbrio pois: PROCURA-SE. E esse, sim! Um são equilíbrio entre o material e o espiritual.
Entre percorrer o caminho e ganhar tempo. Entre viver em comunidade e encontrar também aquele espaço que é só nosso.
A missão sempre a soube. Hesitei na via. Mas não mais fugirei dela.
Sem precipitações mas igualmente sem claudicar.
Até porque o ser humano pode fazer mais que uma coisa ao mesmo tempo! ...Mas claro que para ser verdadeiramente genial e aproveitar toda a energia... deve no meu entender, dedicar-se na sua maioria "à escolhida".
Mas adiante. Neste já imenso solilóquio a mensagem que aqui pretendo deixar é a de:
- Uma vez descobrindo, não mais fujais de vós..."
3 comentários:
Mano,
Fico muito feliz por ti!Sentes que é possível estar mesmo bem e seres tu, com os outros! Tentar, a partir de agora, tirar partido de tudo o que te rodeia, principalmente aquilo que te apraz.
Acho que começo a aprender a viver comigo e com os outros, e cada vez a gostar mais de quem gosta de mim!
Para o ano, pode ser que espreite o festival.
É pena que na nossa azáfama não reparemos às vezes em quem está a reparar em nós.
Bjs
Armando,
Ainda bem que a "mana te pediu"... Adorei a tua descrição/visão do Festival...
Eu não estive lá, nem fui a nenhum Festival, mas tive outros "encontros" semelhantes ao que descreves, comigo própria e com os outros. Deram-me (e dão) esperança num "Mundo Melhor"...
Gostei, em especial, da mensagem que deixas.
Um abraço
Bem, para variar, chego tarde a estas entradas! Tio, estás lá! Gostei muito de ler esta pequena dissertação!
Abraços de Bruxelas :)
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