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sexta-feira, agosto 22, 2008


"A minha Praia"

O Verão, o calor, as praias, as férias…
As férias?... as praias!
Cheias, a abarrotar, apinhadas.
Bolas de Berlim, bolas a saltar, gritos e gargalhadas, barulhos, burburinhos,
Areia pelo ar,
Gente, gente, gente
As praias superlotadas.
Há quem goste das praias assim,
mesmo que custe encontrar um espaço para a toalha
Ou que a nossa cabeça fique deitada perto do pé do vizinho
E há quem não goste…. E prefira o silêncio, o murmúrio do mar…
Também há quem nem sequer goste de praias…
A quem a areia faz comichão, o sol alergia e para quem o mar é paisagem.

As férias?... as praias!
Famílias, famílias inteiras
Com bóias, brinquedos, cremes e farnéis,
sombrinhas, toalhas, sacos, cadeiras,
Férias são férias,
E algum stress também, para não fugir totalmente à rotina.
Férias são férias, praia, gente, confusão…

As férias?... as praias!
Vermelhos, vermelhos ao sol…
Loiros, quase brancos, os cabelos,
Azul no mar, azul nos olhos fechados, dormindo deitados…
Vermelhos ou rosas, os corpos fervendo, ao sol!
Vêm de longe, onde o céu é cinzento e o sol envergonhado
Querem praia solário,
Querem levar um pouco de sol para o Inverno escuro do seu país,
Mesmo que isso lhes custe na pele, lhes queime o calor, vermelhos infernos.
Há quem queira a praia a assim, para torrar, e oiça "lá ao longe" o mar…

Felizes, felizes na água.
Boca a saber a sal, pequeninos os corpos
Roxos os lábios ignorando o frio do mar.
Meninos e meninas mergulhando, nadando, saltando e rindo.
Castelos na areia, buracos, bolos enfeitados de conchas.
As crianças querem a praia para brincar, sonhar, rir até fartar.

E a "minha praia"? Que saudades…
Gosto da praia para passear, para respirar…


Quem me dera caminhar, de novo, à beira mar,
sentir a brisa fresca e salgada
os pés pisando areia molhada.
Ai saudades de sentir esse amar,
Por todas as coisas, do céu e da terra
Amar puro, sem dor nem guerra
Por seres da areia, da água e do ar.

Quando vivia ao pé do mar, muitas vezes dirigia-me à praia,
nos meses do ano em que quase ninguém lá ia.
Fazia grandes caminhadas,
contemplando a beleza inigualável da praia ao amanhecer.
Ficava sempre a sentir-me parte de tudo aquilo,
ser em comunhão com o universo, parte de Deus.

Agora estou no campo, perto da cidade,
onde a brisa marinha não chega.
Onde os cheiros são outros e as cores muitas,
como um arco-íris de flores e de terra em exposição.
E que saudades da "minha praia"…
Por vezes falta-me a beleza da água a tocar o céu no infinito,
a luz clara do sol a tocar de dourado grãos de areia e de pessoa,
as aves debicando qualquer coisa quando a onda vai,
o meu reflexo difuso e brilhante quando a onda vem.
Então, lembro-me que trago dentro no peito, junto ao coração
um pouco da "minha praia"…
Trouxe-a comigo numa das muitas caminhadas que fiz à beira-mar.
Junto ao coração, como se lá guardasse grãos de areia e pedaços do mar.
Também na praia deixei pedaços de mim,
fios de cabelo, gotas de suor, cores dos meus pensamentos…
Por isso, mais que uma vez, amigos me disseram….
"Fui à praia, lembrei-me de ti"…
E alguns nunca estiveram lá comigo….
Talvez seja o mar, no seu marulhar, que aprendeu a sussurrar o meu nome.

Se algumas vezes me parece que estou longe de "coisas" que gosto…
Logo me apercebo que são "coisas" que trago junto ao coração e me pertencem,
e então não fico triste…
Distância aparente apenas, porque aquilo que importa está sempre junto de nós.

Para me reencontrar comigo própria, é para lá que vou
(em pensamento, porque vivo no campo),
fecho os olhos e dirijo-me à praia… Vou lá, ver o mar.
Vou e sinto aquela alegria pura, infantil,
de quem se encontra de novo no seu "esconderijo" secreto,
no seu espaço de união consigo próprio,
aquela alegria palpitando,
aquele contemplar sereno,
aquela comunhão com o Universo….

Ai saudades de sentir esse amar,
Por todas as coisas, do céu e da terra
Amar puro, sem dor nem guerra
Por seres da areia, da água e do ar.
Agora… fecho os olhos e dirijo-me à praia… Vou lá, ver o mar.
… Talvez a encontre cheia, a abarrotar, apinhada.
Bolas de Berlim, bolas a saltar, gritos e gargalhadas, barulhos, burburinhos,
Areia pelo ar,
Gente, gente, gente
A praia superlotada!

Dinamene

2 comentários:

didium disse...

Dinamene,
É também esta a minha visão da praia no Verão. Procuro, sempre que possível, praias quase desertas...
E o meu sonho? Morar perto do mar!
Deixa lá, sempre que passar perto da praia, mesmo em pensamento, lembrar-me-ei de ti.
Fica bem!
:)

dinamene disse...

Tenho o mesmo sonho...
Ou, se não morar perto do mar, ir à praia quando me apetecer, pisar a areia com pés descalços e sentir nas mãos salpicos das ondas!

Beijinhos
;)