as palavras. A propósito
de nada resmungam, não fazem
caso do que lhes digo,
não respeitam a minha idade.
Provavelmente fartaram-se da rédea,
não me perdoam
a mão rigorosa, a indiferença
pelo fogo-de-artifício.
Eu gosto delas, nunca tive outra
paixão, e elas durante muitos anos
também gostaram de mim: dançavam
à minha roda quando as encontrava.
Com elas fazia o lume,
sustentava os meus dias, mas agora
estão ariscas, escapam-se por entre
as mãos, arreganham os dentes
se tento retê-las. Ou será que
já só procuro as mais encabritadas?
Eugénio de Andrade, "O Sal da Língua", in Poesia
3 comentários:
Concordo inteiramente com a sua apreciação ao texto do meu blog, mas também reconheço que muitas vezes, dependendo da escola, do meio social em que se insere e do tecido familiar dos alunos, que "felizmente que existe uma escola a tempo inteiro e sobretudo, o que é mais importante, que existem PROFESSORES a tempo inteiro".
Eu cresci muito, a partilhar com os meus meninos as suas vidas, as angústias, medos, incertezas e a sentir a sua mudança biopsicosocial.
Tenho muitas histórias,
Algumas delas ainda hoje me arrepiam, me fazem soltar as lágrimas, mas outras me propoecionam uma reacção de felicidade e bem-estar.
Adorei a minha profissão. Reconheço que ela está a atravessar uma época de desencanto, mas gostava que todos os colegas ao abandoná-la sentissem a alegria que sinto e a certeza de que a escola a tempo inteiro é muitas vezes essencial.
Um abraço
Licas
Também gosto das palavras!
E as palavras de Eugénio de Andrade são especiais. É, sem dúvida, um dos meus poetas favoritos.
Bom dia.
Já há dias que não visitava o blog... E agora, que bom, tantos textos para ler!
Demoro-me nas palavras...
Leio-as, devoro-as!....
Beijinhos
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