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sexta-feira, maio 09, 2008

À minha Mãe - a doce Judith!

A ela, à mãe que partiu muito cedo, para um lugar desconhecido, quando os filhos ainda aprendiam a caminhar sozinhos!
Os anos vão passando, e já são muitos, mas a memória é de ontem e dolorosa!
Parece incrível, depois destes anos todos, ser possível ainda sentir tanta saudade da doce mãe!
Não há dia nenhum, e já lá vão 36 anos, que me esqueça que ela é a mãe que eu sempre quis ter! Não há dia nenhum que eu não sinta a falta dela! Não há dia nenhum em que, quando me olho no espelho, não a consiga rever, num sorriso, num esgar, num olhar!

Minha doce mãe ! Nunca deu um sinal, por mais pequeno que fosse, para eu acreditar nalguma coisa depois da morte, NADA, nem um indício de nada...
Ela foi uma mãe exemplar, sempre atenta à família, muitas vezes esquecendo-se dela própria, muitas vezes! Mas era assim que a doce Judith gostava de viver, para o marido e para os filhos, e foi assim que ela viveu, enquanto teve força e ânimo!

E já doente, nunca se queixou, nunca se lastimou, a doce Judith só se preocupava em saber se estava tudo bem, e perguntava:" Eduardinha, como estão as coisas em casa, está tudo bem?"
E é assim que eu a revejo, doce, bela, com os seus olhos azuis, de um azul suave, brilhante, e é assim que me lembro de Angola, do Lubango, onde ela ficou, na terra que a viu nascer e onde ela foi feliz!
Continuo a sentir por ela tanta ternura, que muitas vezes parece que o peito rebenta com falta de espaço para abarcar tanto afecto! Mas há sempre espaço, quando se gosta muito de alguém ,e agora, nesse espaço, está também o meu pai, abafado em ternura.


Vamos em frente, porque eu sei que, se por acaso a minha doce mãe estiver algures por aí, gostaria de nos ver felizes, os seus filhos e os seus netos, que nunca conheceu.

Eduardinha (era assim que a minha Mãe me chamava)

6 comentários:

Xinho disse...

Tenho inveja de ti.
Não porque escrevas muito melhor do que eu, mas porque estiveste mais 2 anos com a Mãe do que eu.
E também, porque ao espelho não a consigo ver.
A vida é ingrata, cruel, quando deixamos de ter Mãe. Quando a perdemos sem saber "voar", é assassina.
Onde é que se aprende a lidar com assassinos da vida? Em lado nenhum, excepto com aqueles que nos continuam a amar.
A dor que sinto, como tu, só desaparecerá quando eu também desaparecer.

dinamene disse...

Eduarda,

Só para te dizer que às vezes os sinais existem mas são tão subtis que até duvidamos que sejam sinais…
A dor faz parte de nós, como a alegria, e aceitar, mesmo sem compreender, ajuda-nos a caminhar em frente!...
Admiro a tua coragem, porque é preciso tê-la, e muita, para Viver sem a presença de alguém assim tão especial…

didium disse...

Xinho: Já há tantos anos que vivemos sem ela... e tu sabes como ela nos amava!
Eu sei que tem sido muito doloroso para ti e tal como eu, vamos aprendendo a lidar com a sua ausência.
Temos os nossos filhos,que consigam eles usufruir da nossa companhia!
O que eu sei que nunca aceitámos, foi o facto da mãe ter partido ainda tão nova, ter dado tanto e às vezes ter recebido pouco...

didium disse...

Querida Dinamene,
Poderão ter havido sinais e eu não os ter visto, mas é difícil ver o que quer que seja, quando nos invade a revolta. Foi assim durante muitos anos...
A revolta continua dentro de mim, mas a vida ensina-nos a aceitar a dor,porque existem outras pessoas que também precisam de nós e porque também temos direito a ser felizes.

solange disse...

Ao longo de todos estes anos de amizade (e já são alguns), tenho percebido, quer em conversas directas e afirmativas, quer nas entrelinhas, o amor que sentes pela tua linda mãe. A verdade é que não há vez nenhuma, em que surja a oportunidade de falares dela, que não a aproveites. E, sinceramente, comovo-me ao ouvir-te falar. Calo-me e oiço, pouco questiono, dizes o que queres. Eu sei como foi (ainda é) difícil para ti viver com a sua ausência física. A emoção que transmites no que escreves não me surpreendeu, porque sempre senti, ao falares da tua MÃE, que falavas com mágoa de teres sido privada, tão cedo, de um convívio natural entre mãe e filha. Por isso lembras, muitas vezes, como tão nova tiveste de VIVER sem ela, numa mistura de recordações maravilhosas da mãe e outras de sofrimento profundo. Querida amiga, já reparaste que ELA está em ti, na Sofia e até no Vasco?! Que a recordas hoje, por escrito, na internet, porque os sentimentos são fortes e não há que escondê-los, mas partilhá-los? Já reparaste que a tua MÃE, por ter sido tão especial, ainda hoje é tão grande, tão doce e bonita que falas dela com ternura e admiração? Já reparaste que ela continua contigo e te dá a força que tens? Obrigada, Judite!

didium disse...

Obrigada Solange!
Comovo-me ao ler o que escreveste.Eu sinto que é a minha mãe que me dá a força que ainda consigo ter, é verdade, mas o resto não muda. Tu sabes, assim como eu, como é imprescindível a companhia da nossa mãe.
Mas teve que ser assim, e eu nada posso mudar. Resta-me este imenso carinho por uma mulher maravilhosa, boa, linda, tolerante, que por acaso é a minha mãe!
Beijinhos para ti.