A valia de uma geração depende da educação que recebeu das mães. O homem é "profundamente filho da mulher", disse Michelet. Sobretudo pela educação. Na criança, como num mármore branco, a mãe grava; - mais tarde os livros, os costumes, a sociedade só conseguem escrever. As palavras escritas podem apagar-se, não se alteram as palavras gravadas. A educação dos primeiros anos, a mais dominante e a que mais penetra, é feita pela mãe: os grandes princípios, religião, amor do trabalho, amor do dever, obediência, honestidade, bondade, é ela que lhos deposita na alma. O pai, homem de trabalho e de actividade exterior, mais longe do filho, impõe-lhe menos a sua feição; é menos camarada e menos confidente. A criança está assim entre as mãos da mãe como uma matéria transformável de que se pode fazer - um herói ou um pulha.
Diz-me a mãe que tiveste - dir-te-ei o destino que terás.
Diz-me a mãe que tiveste - dir-te-ei o destino que terás.
A acção de uma geração é a expansão pública do temperamento das mães. A geração burguesa e plebeia de 1789 a 93, em França, foi livre, sensível e humana - porque as mães que a conceberam tinham chorado e pensado sobre as páginas de Rousseau.
A geração de 1830, gerada durante o primeiro império - foi nervosa, idealista, romântica, porque as mães tinham vivido nas emoções heróicas das guerras, na contemplação das fortunas maravilhosas
Eça de Queirós - Março de 1872, in "As Farpas".
1 comentário:
Que bom reler este texto do Eça, sobre as mães.
A mãe tinha, realmente, um papel preponderante! Hoje já não será bem assim. Há famílias em que as mães trabalham de manhã à noite a a partilha com os pais tem de ser grande. Os pais começam a ter também uma relação mais íntima com os filhos e a serem confidentes e camaradas!!! Apesar disso, a relação com a mãe é especial, pois quando se é MÃE, no verdadeiro sentido da palavra, desdobramo-nos para estarmos presentes e fazermos de tudo um pouco, compensando as horas de ausência!!! É verdade que é assim. E o Eça, sempre actual!
Enviar um comentário