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segunda-feira, junho 15, 2009

Alado


Reparei que os filhos trazem coladas, talvez desde crianças, umas asas incolores. Digo isto porque eu não as vejo, mas existem na certa.
Um dia eles aprendem a voar, e partem, saem do ninho que lhes construímos e mimámos, mas partem...
E eu fico a pensar nas tais asas, que nunca vi, mas que sei existirem.
Como voariam sem a sua ajuda? E devem ser grandes, agora, poderosas, do tamanho do seu crescimento!

E hoje, o meu filho voltou a voar, porque este ninho, este aconchego, é temporário, já é nómada nele.

Voou rápido, porque em segundos, deixei de o avistar, mas também em segundos, o vazio instalou-se em mim, e no ninho que lhe criei.

E sinto cá dentro uma ferida, que só eu sei que existe, que me dói. Também sei que esta ferida vai fechando lentamente, porque o vi voar seguro e feliz.

Já tentei fotografar essas asas, mas encontram-se dentro dele, e só se abrem na altura certa, no momento da despedida, do adeus, do até breve.
E eu fiquei a vê-lo, ao longe, já um pontinho... mas asseguro-vos, era o meu filho, era ele que voava...

maria eduarda

5 comentários:

dinamene disse...

Maravilhoso texto...
É, os filhos têm asas e os pais têm de aceitar essa alegria!... Ver um filho voar, com asas grandes, mesmo que invisíveis, é uma bênção!

Sei que um dia vou perceber/sentir melhor as tuas palavras! Nem sempre a razão e o sentimento se cruzam. Às vezes vejo a minha menina de 10 anos a querer voar do ninho, ainda que por pouco tempo, e toda eu sofro com medo que caia, que voe demasiado alto e queime parte das asas…
Não podemos ser sempre a sua “rede”…Até as pequenas quedas fazem parte da aprendizagem.

Beijos

solange disse...

Que belo texto sentido e verdadeiro.
Comovi-me ao lê-lo (tanto!), tu sabes. Os filhos são o que temos de melhor na vida!
E têm, sim, umas asas invisíveis!!! E é bom vê-los voar e fazer como "Fernão Capelo Gaivota" que voou sempre mais alto, não aceitando a mediocridade.
«... tu tens a liberdade de ser tu próprio, o teu verdadeiro eu, Aqui e Agora; nada se pode interpor no teu caminho.»
Deixá-los voar é amá-los muito, permitir que vão ao encontro da realização dos seus sonhos, na construção daquilo que os fará felizes. A feridazita fechará rápido com os mails, a webcam :), as sms e, sobretudo, com os sorrisos rasgados pelas pequenas vitórias que for somando.
No amontoar de pequenos êxitos se realizará uma vida plena e alegre! É isso que nós queremos para os nossos filhos. Vão conseguir!!!
Beijocas

solange disse...

Só ao publicar o meu comentário é que reparei que já havia um da Dinamene. Adiantaste-te, foi isso. A essência das tuas palavras é igual à das minhas, da Didium, de todas as mães. E como é bom ser Mãe! :)

G. Ludovice disse...

Gostei muito e é tudo verdade.
Sabes q geralmente as mães passam por tds essas experiências ainda q não garantidamente, mas qd reparo naqueles sorrisos inimitáveis por dentro, fico espelho.
bj grande

Anabela Magalhães disse...

E quando assim é porque está tudo no seu devido lugar.
Beijinhos