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Mais do que o Poeta do renascimento, como disse Jaime Cortesão, Camões com o seu poema épico foi o Poeta do Nascimento. Dum novo Génesis. Duma nova idade. De uma cultura nova, de formação essencialmente portuguesa, a que ele chamou o humanismo universalista – sentido novo da vida, feito juízo crítico e de fé, de obediência e rebeldia, de fria observação experimental e proselitismo ardente; de comunhão divina e amor humano; e, mais que tudo, duma larga, generosa e fraterna compreensão dos outros homens e dos outros povos. Na capacidade de compreender e amar a diversidade humana, no quente abraço de fraternidade com que se conquista o próprio inimigo, está verdadeiramente gravada a marca lusitana. Apesar disso, ou por isso mesmo, Camões há muito deixou de nos pertencer. Património cultural da nação, sem dúvida, mas porque sempre e em toda a parte, Camões é também património cultural universal.
Eduardo Ribeiro “Camões em Macau Uma certeza histórica”
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