Eu sou carvão!
E tu arrancas-me brutalmente do chão
e fazes-me tua mina, patrão.
Eu sou carvão!
E tu acendes-me, patrão
para te servir eternamente como força motriz
mas eternamente não, patrão.
Eu sou carvão
e tenho que arder, sim
e queimar tudo com a força da minha combustão.
Eu sou o carvão
tenho de andar na exploração
arder até às cinzas da maldição
arder vivo como alcatrão, meu irmão
até não ser mais a tua mina, patrão.
Eu sou carvão!
Tenho que arder
queimar tudo com o fogo da minha combustão.
Sim!
Eu serei o teu carvão, patrão!
José Craveirinha, Antologia Temática de Poesia Africana, I
2 comentários:
Aqui está uma bela poesia. Bela por ser sofrida, verdadeira.
É pena que do patrão só tenha mudado a côr.
Como está tão actual este sofrimento. Pena que não seja só poesia
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