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Então, em vez de procurarmos a causa do mal-estar dentro de nós, começamos a pensar que somos vítimas de qualquer coisa externa – qualquer coisa obscura e misteriosa – que a pouco e pouco nos vai afastando dos outros e de nós próprios.E se o médico nos tivesse dito desde o início uma coisa diferente? Se, em vez de propor que fizéssemos análises e colheitas, nos tivesse perguntado: «Porque é que tem uns olhos tão tristes? Que mágoa tem no coração? Quando foi a última vez que se deitou num campo e olhou para o céu através dos fios da erva? Quando é que ouviu o vento entre as folhas? Alguma vez sentiu gratidão pelo facto de existir e fazer parte desta extraordinária aventura que é a vida?»
Susanna Tamaro in Cartas a Mathilda
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