Páginas

quinta-feira, julho 17, 2008

Coisas que se pensam quando qualquer outra coisa seria menos inútil

Hoje vi um filho de uma poeta (não gosto de poetisa).
A certa altura, no meio do seu grupo de amigos já em despedida, isolou-se pelos olhos, e estando de costas para mim não os via, mas pela posição das mãos a afundar as calças em gravidade, o porte abandonado virado para o extenso relvado, a solidão súbita de quem se perde em pensamentos no meio das ideias dos já ali ao lado, percebi que naquele momento poderia estar a poemar a vida como se tivesse ligado o motor do ser, e se estivesse ampliando ainda no entanto estando tolhido no momento. E pensei, eis ali um poeta. Porque segui-o até ao longe e bem vi como se remava pelo passeio e expirava as saudades que um cego pode ter da inatingível cor, como ele de algo que eu imaginava.
Para o Miguel S.T.

2 comentários:

didium disse...

O poeta tem muitos momentos em que se abstrai, entra na sua poesia e, apesar de acompanhado, está só, noutro mundo.

G. Ludovice disse...

E quando se esforça entra no mundo dos outros, e esse, parece-lhe uma fantasia q nesse momento estará a tomar conta de si, como uma doença que se atreve a chegar.