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sábado, janeiro 03, 2009

Infâncias

Continuo à espera!
O vento não me levou,
o cavalo alado não chegou
na nuvem branca de algodão.
Não fui com as aves,
embora a porta estivesse aberta.
Escutei os sons da noite,
mas ninguém me chamou.
De mansinho fechei a porta,
e relembrei outros tempos
da meninice, em tropelia,
ao lado do companheiro de então,
atentos ao jogo das caricas, no chão.
A porta fechada passou a estar,
mas, porque o sono traz o sonho,
abri a janela de par em par!
maria eduarda

5 comentários:

solange disse...

Como é bom ler-te!!!
Tb tu, tal como a Luna, me fazes regressar à minha infância. E que maravilhosa infância eu tive. Tantas memórias, todas tão felizes, com muita alegria e amor.
A Nélinha ofereceu à Luna, neste Natal, um livro encantador “Histórias Escritas na Cara” de Isabel Zambujal.
Todas as noites, nos doze dias em que tive o prazer de ter cá a minha neta, partilhámos leituras. Mas este livro foi especial, o mais ternurento, não só pela mensagem, mas por me ter levado muitos anos atrás e por eu ter uma ouvinte atenta a todas as brincadeiras e aventuras vividas por mim enquanto criança.
A Luna gosta sempre de ouvir as minhas estórias, sendo ela, muitas vezes, a pedir-me “Hoje não lês, contas histórias de quando eras pequenina!” Este livro, sem nós sabermos, encaminhou-nos para essas memórias antigas (antigas?! Sinto-as tão perto, às vezes). Comecei a ler, pois à noite ela prefere ouvir-me, com entoações, com pausas, para as perguntas dela. Fui lendo e regressando ao passado.
Também eu vou tendo as minhas rugas, claro, mas o que é fantástico é que, a cada história, que correspondia a uma ruga, surgia tb uma história minha para contar à minha neta. Como ela gostou de ouvir sobre os piqueniques nas hortas, a comermos amoras e a sujarmos as caras, de propósito, aparecendo assim perante a mãe, que se ria por nos ver felizes.
Vou deixar a sinopse do livro, para que outras avós não deixem de o partilhar com os netos.

solange disse...

Explicação adicional, para quem nunca viveu em Angola:
Quando falo em hortas, são quintas enormes, onde cabem muitas pequenas quintas! E há de tudo, desde as mangas às pitangas, das laranjas às maçãs.Os frutos de cá (cerejas, não!) e os de lá.

dinamene disse...

Gostei do que escreveste...

A Luna realmente adora as tuas histórias, está sempre a dizer-me que a avó tem muitas histórias e eu não!
Tens bonitas memórias e uma boa memória, pois, para te lembrares de tantas coisas.

solange disse...

Engraçadas as gerações!!!
Tu nunca te entusiasmaste muito pelas minhas histórias, ou eu nunca tive vontade/tempo (?) para as contar. Mas gostaste sempre de ouvir as (muitas!) que o avô João contou sempre, e ainda conta, se o quiserem ouvir.

dinamene disse...

É mmo verdade!