Escrita a metroImportam-se de lhes abrir as portas da imaginação,
Do sonho na narração?
Importam-se de os deixar escrever por linhas tortas?
Não lhes peçam mais textos a metro, sem emoção…
Composições à medida, sem invenção!
João, 9 anos, e Mariana, 10 anos, levaram para casa
uma composição para fazer, um texto de 15 linhas alinhadinhas…
Ao começarem a tarefa, o João alargava a letra, naturalmente pequena,
para escrever menos… Em 5 linhas diria tudo o que sabia sobre o tema!
A Mariana, que até gostava de escrever,
e podia mesmo encher duas páginas numa composição,
inventava frases, desinteressada, só para caberem,
certinhas, nas 15 linhas…
Não escrevia com entusiasmo, mas à medida…
Escrita a metro!
Importam-se de lhes abrir as portas da imaginação,
Do sonho na narração?
Como se pode pedir que alguém escreva ideias e descrições
em linhas direitinhas, contadinhas…
Será essa a maneira de entusiasmar pela escrita???
Contem-lhes histórias, mostrem-lhes livros,
seleccionem poemas para lhes ler!…
Pode dizer-se tanto em tão poucas palavras…
Ou nada, em muitas linhas!
Dinamene
3 comentários:
Verdadeiro! E assim se afastam as crianças do prazer que deve ser, escrever. E é pena!
Escrita a metro!!!
Acho engraçada a expressão. Quando li o texto, pensei sempre que deveria comentar, mas só hoje “encontrei” um tempinho.
Acredito que escrever deve ser um acto de liberdade, que permita a expressão de vivências, sem receio de censuras, nessas idades maravilhosas dos 6 aos 10 anos.
Pode-se adquirir o hábito da escrita, ainda que à partida se pense que escrever é “chato”!!! E é importante que se respeitem os ritmos de produção das crianças, estimulando a frequência da escrita e, claro, as suas preferências temáticas.
Há imensas formas de incentivar a escrita por iniciativa própria, sendo fundamental que a aprendizagem da escrita resulte da frequência da sua prática, numa mistura de prazer e de autoconfiança.
Escrever sobre um tema e um número de linhas impostos, vai limitar a capacidade criativa da criança. Tenho presenciado as mais variadas situações, em que crianças incapazes de escrever uma linha, perante um tema imposto (ou então escrevem frases feitas, vulgares, sem vida), quando lhes é dada a oportunidade de escrever sobre aquilo que sentem e gostam, se libertam e enchem páginas. É verdade, sim, sobretudo quando sabem que poderão contar, depois, com o apoio necessário ao aperfeiçoamento do “seu” texto. Libertam-se, expõem-se, escrevem.
E escrevem cinco linhas sentidas, com alegria e entusiasmo, ou duas páginas (mais até) com a vontade de exprimir todas as ideias que se soltam nas suas cabecinhas.
Costumo dizer às minhas crianças que “tamanho não é qualidade”!!! Elas soltam-se e dão asas à sua imaginação.
O método das 15 linhas interessa ao professor, porque fica com menos trabalho de casa!!! :)
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