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quarta-feira, janeiro 07, 2009

Desalento

Os sapatos levam-me por aí,
mas hoje doem-me os pés.
Desculpa em mim,não saí,
prisioneira da força das marés.

Na concha continuo, neste cansaço
que me inunda, me envolve.
Abraça-me como o sargaço
que não descola, não se move.

Aprisionada, envolta em braços,
não quero espreitar lá fora.
A escuridão estreita os laços,
e quero aquiescer na demora.

Há dias que acordam assim,
sem apelo, sem vontade,
como algo desprovido ou afim,
que me tira toda a sanidade.

Talvez o sol me ilumine,
se hoje a luz me presentear,
ou a pouca vontade me fulmine,
de um não querer, um apartar.

Queria poder esbracejar.
Pretendo o cansaço esquartejar.

maria eduarda

5 comentários:

dinamene disse...

Hoje um desabafo triste… Há dias assim, faz parte!

Aqui vai um abraço quentinho, como um sol…

dinamene disse...

“Onde é que eu li que não devemos julgar os outros antes de andarmos com os seus sapatos no pés?!...”

didium disse...

Pois é! Faz parte ter dias assim... Hoje é um deles. obrigada pelo teu sol!
:)

solange disse...

É normal!!! Também ando assim. E está tanto frio, q só apetece estar em casa, de preferência com um bom livro para ler.
A tal frase é um provérbio índio que leste em "Vai aonde te leva o coração" e diz assim:
«Antes de julgares uma pessoa, caminha durante três luas com os seus mocassins».
E é bem verdade, porque sentir o que outros sentem, por mais que tentemos ou pensemos ser capazes, não é possível.

dinamene disse...

Provérbio maravilhoso;)

Tens mmo as ideias bem arrumadas, as memórias em gavetas ordenadas! Obrigada por me lembrares desse livro!

Beijo às duas.