(...) Ouvir alguém ler em voz alta é muito diferente de ler em silêncio. Quando se lê, pode-se fazer paragens ou saltar as frases: do tempo decidimos nós. Quando é outro a ler é difícil fazer coincidir a nossa atenção com o tempo da sua leitura: a voz ou segue muito rápida ou muito lenta. E ouvir alguém que vai traduzindo de outra língua implica um flutuar de hesitações em volta das palavras, uma margem de indeterminação e de provisioridade. O texto, que quando somos nós a ler é uma coisa que está presente, com a qual somos obrigados a deparar-nos, quando nos é traduzido oralmente é qualquer coisa que está e não está, que não se consegue tocar.(...)
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