Window Pain
Diana Ong
Diana Ong
É certo que a infelicidade não depende apenas da dor, mas a alegria, essa, só devia depender da ausência de dor física.
Vinte séculos inteiros e completos não inventaram uma explicação do sofrimento; sofre-se em comparação com o que é não sofrer, e nenhum homem saudável quer ser educado previamente para aquilo que é mau. Já não se treina a resistência à dor: evita-se, sim, a mistura com essa 'coisa' repelente.
Gonçalo M. Tavares, in "A Máquina de Joseph Walser"
1 comentário:
Sim, "a alegria, essa, só devia depender da ausência da dor física."
Mas não é assim. A alegria depende de muito, muitíssimo mais. De tantos nadas, que parecem insignificantes e nos são tão indispensáveis para a sentirmos.
A dor não física é muito mais forte, porque não há analgésico que a tire. Vai dominando e corroendo, pelo que necessitamos de uma enorme força interior para a enfrentarmos e conseguirmos vencê-la. E vencemo-la, quando a encaramos de frente, reflectimos e tentamos compreendê-la.
Também é verdade que nunca fomos educados para sofrer, nem física nem psicologicamente. Habituamo-nos, desde crianças, a ser afastados do sofrimento por aqueles que nos amam. O amor dos adultos leva-os a esconder das crianças o menos bom, fazendo com que se cresça esperando sempre o melhor do mundo. É bom, é mau?! Que sei eu? Crescer num ambiente de alegria é tão bom!!! Eu cresci assim. Gostava que todas as crianças pudessem não ter de conviver com dor nenhuma. É utopia, eu sei. Mas podemos ter esse desejo utópico!!! Eu tenho!
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