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sábado, novembro 01, 2008

Coisas que se pensam quando qualquer outra coisa seria menos inútil

Londres
Foto:G.Ludovice 2008

EXERCÍCIO COM ELEMENTO PESADO
Alguma vez, desejar-se o chumbo na parede dos olhos como distinto papel colado a ela, essa circular matéria que os constitui nessa figura arredondada de quem de tudo se alimentou e pouco achou que não fosse saboroso ou indispensável à sua fome de ver, que é para tal que servem se é esse o cru uso deles.
Poder antes ter sonhado com umas modestas viseiras ainda com cheiros de cabedal regressado das chuvas, mas não ser sequer olhar apenas em frente que se anseia.
A íris só se fixa ao chão triste em espelho, quando revestida ricamente a chumbo.

Como pode um ser da natureza desviar-se da visão do sol no seu ápice ou esconder-se de ver as costas da montanha mais próxima a afastar-se da terra sendo ainda terra, é isso um assunto que se não entende com educação nem com mãos sem que se entrapem de suores, se tentam acompanhar em gesto o esforço de compreensão, dessa fisionomia espantada, que busca razões para tal.

Talvez, Penélope teria assentido em ter olhos de chumbo, em vez de os laboriosamente desgastar no seu tapete de como passar o tempo que não volta, querendo igualmente com isso dizer, se não me olhas, algo em mim dispensa-me de ver, Ulisses.

3 comentários:

didium disse...

Necessário é ver em todas as direcções, optar por outro caminho, diferente, se tal tiver que ser.
Não existe aqui a mensagem de repúdio a um certo masoquismo? Há pessoas que insistem em ver sempre a mesma realidade...

G. Ludovice disse...

Sempre a mesma realidade só se for ficcional, aí é possível.Penso q é assim q se conservam os grandes sentimentos,na redoma do romance. Ser cego de amor!!
A mensagem é apenas um exercício.

solange disse...

O amor de Penélope por Ulisses é um amor forte, eterno, platónico. Irreal?! Eu gosto de uma boa história de amor, em que é possível, embora no mundo da ficção, podendo ser real ou não, haver confiança, magia e liberdade. Por isso gostei tanto de “O amor nos tempos de cólera” de G.G. Marquez. Os textos da Gabriela não são fáceis de interpretar, mas eu gosto do “jogo”, com pena de não ter tempo para me debruçar sobre os textos e descobrir melhor o que as palavras escondem. Provavelmente nunca “leio” bem o que decifro, mas as palavras atraem-me. Era bom que os que lêem os posts da Gabi nos ajudassem a ler nas entrelinhas : )