Páginas

quinta-feira, março 04, 2010

Ah, quanta vez, na hora suave


Tirada daqui

Ah, quanta vez, na hora suave
Em que me esqueço,
Vejo passar um voo de ave
E me entristeço!

Porque é ligeiro, leve, certo
No ar de amavio?
Porque sai sob o céu aberto
Sem um desvio?

Porque ter asas simboliza
A liberdade
Que a vida nega e a alma precisa?
Sei que me invade

Um horror de me ter que cobre
Como uma cheia
Meu coração, e entorna sobre
Minh'alma alheia

Um desejo, não de ser ave,
Mas de poder
Ter não sei quê do voo suave
Dentro em meu ser.

Fernando Pessoa, Poesias, Ed. Ática

4 comentários:

dinamene disse...

Didium,

Belo poema de Pessoa!

Lindíssima a foto que colocaste na "cara" do blog!!!...

Tenho dificuldade em ler os textos/poemas em letras pretas/fundo castanho... Será do meu pc???!


Beijos

maria eduarda disse...

Olá Dinamene,

Eu leio bem. O fundo é cinza. No teu pc é castanho?
Se preferires outras cores, é só dizer, remodela-se tudo!
Beijos.

Em@ disse...

Gostei nde encontrar aqui o F. Pessoa quando te vinha dizer que tens um prémio no Em@.
Beijinho

maria eduarda disse...

Já lá vou Em@, beijinho.