Tirada daqui
Ah, quanta vez, na hora suave
Em que me esqueço,
Vejo passar um voo de ave
E me entristeço!
Porque é ligeiro, leve, certo
No ar de amavio?
Porque sai sob o céu aberto
Sem um desvio?
Porque ter asas simboliza
A liberdade
Que a vida nega e a alma precisa?
Sei que me invade
Um horror de me ter que cobre
Como uma cheia
Meu coração, e entorna sobre
Minh'alma alheia
Um desejo, não de ser ave,
Mas de poder
Ter não sei quê do voo suave
Dentro em meu ser.
Fernando Pessoa, Poesias, Ed. Ática
4 comentários:
Didium,
Belo poema de Pessoa!
Lindíssima a foto que colocaste na "cara" do blog!!!...
Tenho dificuldade em ler os textos/poemas em letras pretas/fundo castanho... Será do meu pc???!
Beijos
Olá Dinamene,
Eu leio bem. O fundo é cinza. No teu pc é castanho?
Se preferires outras cores, é só dizer, remodela-se tudo!
Beijos.
Gostei nde encontrar aqui o F. Pessoa quando te vinha dizer que tens um prémio no Em@.
Beijinho
Já lá vou Em@, beijinho.
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