Desde que possamos considerar este mundo uma ilusão e um fantasma, poderemos considerar tudo que nos acontece como um sonho, coisa que fingiu ser porque dormíamos. E então nasce em nós uma indiferença subtil e profunda para com todos os desaires e desastres da vida.
Os que morrem viraram uma esquina, e por isso os deixámos de ver; os que sofrem passam perante nós, se sentimos, como um pesadelo, se pensamos, como um devaneio ingrato. E o nosso próprio sofrimento não será mais que esse nada.
Neste mundo dormimos sobre o lado esquerdo, e ouvimos nos sonhos a existência opressa do coração.
Mais nada... Um pouco de sol,um pouco de brisa, umas árvores que emolduram a distância, o desejo de ser feliz, a mágoa de os dias passarem, a ciência sempre incerta e a verdade sempre por descobrir... Mais nada, mais nada... Sim, mais nada...
Fernando Pessoa,21-6-1934, in "Obra poética e em prosa",volume II.
Mais nada... Um pouco de sol,um pouco de brisa, umas árvores que emolduram a distância, o desejo de ser feliz, a mágoa de os dias passarem, a ciência sempre incerta e a verdade sempre por descobrir... Mais nada, mais nada... Sim, mais nada...
Fernando Pessoa,21-6-1934, in "Obra poética e em prosa",volume II.
3 comentários:
As "realidades" não interessam serem virtuais ou não desde que vividas em pleno pelo sujeito. O que sinto é o que existe e não o que imagino ou pretendo que não seja. O mesmo input tem respostas diversas e todas elas válidas porque existem nos diferentes sujeitos.
O valor absoluto é-me irrelevante na minha vida subjectiva. A minha vivência da vida e filtrada por mim e é isso que me importa. Tenho que arranjar um filtro colorido que ma agrade com o qual eu queira viver.
Black, o seu comentário é interessante.Também penso que devemos viver em pleno o que sentimos no momento.
tudo é um sonho e sonhar e ser-se sonhado..
mesmo a nossa vida poderá ser um sonho que alguém está a ter, abandonado em algum canto de olhos abertos nalguma outra dimensão..
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