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quinta-feira, julho 30, 2009


«Só o que sonhamos é o que verdadeiramente somos, porque o mais, por estar realizado, pertence ao mundo e a toda a gente.»



Fernando Pessoa “O livro do desassossego”

3 comentários:

solange disse...

Apeteceu-me ilustrar esta frase lindíssima, de F. Pessoa, com uma foto da minha mãe que é, verdadeiramente, uma fonte de inspiração.
Onde quer que vá, tem o dom de cativar, envolve as pessoas num "abraço" de ternura e de alegria que não é vulgar.
Vamos ao parque, à praia, e há sempre quem se aproxime para a cumprimentar, ou é ela que puxa conversa, com um sorriso, e convencendo quem a ouve de que também as ouve. Diz-me que não ouve nada, mas sente e percebe o que as pessoas lhe dizem. São várias as pessoas que chegam, conversam e vão sem se darem conta da realidade.
Estive com ela ontem. As amigas, as vizinhas, as ex-colegas da ginástica e outras, vão aparecendo lá em casa para um abraço, para uma conversa. Fala e anima as conversas com a sua sabedoria, mantendo-se sempre actual sobre todos os assuntos. Reconheço que está bem mais actualizada do que eu sobre vários temas da nossa sociedade e sobre o que vai pelo mundo. Quis que eu lesse uma entrevista aos U2. Acabei por trazer a revista, ainda que tenha lido lá a tal entrevista. Diz-me que tem pena de já não os poder ouvir, de não ouvir o Bono. Fala-me, com entusiasmo, do bairro troglodita de Gualdix, as cavernas transformadas em residências a mil metros de altura na Serra Nevada. Vai buscar a revista para eu ver e ler.Fiquei fascinada!!! Trouxe tb essa revista.
E preocupa-se com as amigas “Eu nem me queixo, olho à minha volta e só tenho pena de n poder ajudar mais.” Pois, ela, que deveria andar sempre acompanhada, devido à falta de equilíbrio, sai sorrateiramente de casa, quando a Maria ainda n chegou ou já saiu e vai visitar a amiga Isabel que caiu há dias, foi parar ao hospital e já voltou. Dizia-me a vizinha, à janela do prédio ao lado. “ A sua mãe apareceu aqui sozinha, já n é a primeira vez. Veio toda bonita, toda arranjada, para me fazer companhia.” A Maria conta que também tem ido lá, a pedido da mãe, saber se precisa de alguma coisa, e que a minha mãe até já tem dividido o almoço dela para levarem almoço à D.ª Isabel.
A Diva, a amiga que apareceu ontem, conta que a Lida, às vezes, telefona (através da Maria) a avisar que vai visitá-la. Há dias foram e não estava ninguém em casa. Levava-lhe uma prendinha que acabou por entregar, ali à minha vista. Diz a Diva “São pegas, eu sei!” E bem bonitas q são as pegas da minha mãe. Mas n, não eram pegas. Era como que um sapatinho, com base rija, feito em crochet, para guardar jóias, o que quisesse, até para pôr canetas! Lindo! Tive pena de n ter fotografado, porque aquele objecto sonhado, já realidade, é único!!!
Tanto teria a dizer sobre esta mulher incrível a quem me orgulho de chamar mãe!

maria eduarda disse...

E bem te podes orgulhar!
Daqui a uns anos, gostaria de ter a postura desta senhora encantadora, que é a tua mãe!

dinamene disse...

A Lida é uma pessoa especial, diria memo que “avançada no tempo”, ou por outras palavras: Iluminada. Não conheço mais ninguém assim, e não digo isto por ser minha avó, é que a Lida é mesmo única… Pela sabedoria, amor e ingenuidade que tem de ver a vida…. Com profunda beleza que quase “dói” de alegria!
No último dia que a vi (no fim-de-semana passado), apareci de surpresa, a uma hora que não esperava visitas! Estava tão bonita, bem vestida, cuidada… Perguntei-lhe com o olhar “Porquê?” e respondeu-me com um sorriso feliz que lhe é característico “Para me sentir Viva!”
Depois na praia, sentou-se à sombra, na areia, e depressa chamou o Artur para fazerem castelos juntos… Ele, que estava eufórico com o mar, lá foi ao seu encontro para brincarem… Ele nem sabe que a bisavó não ouve, pois conversam também! A lida pergunta-lhe coisas e ele responde e a avó lê nos lábios ou sente, pressente as palavras.

A Lida INSPIRA-NOS!