Páginas

quarta-feira, fevereiro 11, 2009

O Barão Trepador

"Subi eu, pela escada.
- Cosimo - comecei a dizer-lhe -, sessenta e cinco anos já lá vão passados, definitivamente passados. Como podes continuar aí em cima? Já disseste a todos aquilo que pretendias dizer, todos nós te compreendemos. A tua força de vontade foi uma força de vontade indómita e grande. Sempre a mantiveste até ao fim. Podes descer agora. Até mesmo para os que passam uma vida no mar, chega uma idade em que ficam a viver em terra. Mas qual! Fez-me sinal de que não, com um gesto. Já quase não falava."
"Assim desapareceu Cosimo, e nem tão-pouco nos deu a satisfação de voltar a terra, mesmo morto. No túmulo da família há uma estrela e uma incrição: Cosimo Piovasco de Rondó - Viveu sobre as árvores - Amou sempre a terra - Subiu para o Céu."
Italo Calvino, "O Barão Trepador"

Neste livro, a imaginação supera a realidade! Ficamos fascinados com a vida do Barão Cosimo Piovasco de Rondó, contada pelo seu irmão, Biaggio Piovasco de Rondó. O barão passa 65 anos da sua vida em cima das árvores, sem nunca pôr os pés no chão. Ainda jovem, decide contrariar a família e isolar-se em cima de uma árvore. Aí vive muitas aventuras, passando de umas árvores para outras. Conhecemos o seu profundo humanismo e as reflexões que faz do mundo que o rodeia. Estamos perante uma sátira sobre a sociedade ideal. A sua revolta contra o modo de viver da época, leva-o a libertar-se da monotonia terrestre, iniciando entre troncos e folhagens uma existência marcada por aventuras extraordinárias, levando-nos com ele a situações nunca antes imaginadas. Um livro fantástico, por vezes dramático, por vezes divertido, que nos leva a reflectir sobre o que está certo e o que está errado. Eu li e gostei. É mágico!!!

2 comentários:

didium disse...

Acho que nos começa a apetecer sair do chão e poisar mais acima. Estou cansada deste rodopio, desta confusão, deste desalento em que se tornou a profissão docente!

dinamene disse...

... lembro-me do livro!Fascinante!...

Um abraço apertado às duas! Sei que andam cheias de trabalho, num rodopio permanente...