"Terá sido o horror à escravatura o motor da investigação de Darwin sobre a origem e a transformação de todos os seres vivos?"
Quando Darwin publicou o livro que o transformou num ícone da ciência moderna – Sobre a Origem das Espécies através da Selecção Natural (tradução literal da obra publicada em Portugal pela D. Quixote com o título A Origem das Espécies)-, propondo um mecanismo natural como motor da evolução, em 1858, discutia-se se os seres humanos seriam apenas uma espécies única, em todo o mundo, ou se os negros, asiáticos e demais tipos humanos eram espécies separadas. A visão de um mundo onde cada espécie foi criada autonomamente, no local onde se encontra hoje, favorecia a política esclavagista.
(Jornal Público)
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Uma viagem para virar o Mundo
Nascido a 12 de Fevereiro de 1809 no seio de uma família abastada que pertencia à elite cultural da época, Charles Darwin procura seguir as pisadas do pai na Medicina.
Desistindo desse primeiro projecto por considerar a cirurgia uma prática muito violenta, ensaia ainda o caminho da Teologia e da via religiosa, chegando a concluir os estudos para prosseguir a vida clerical.
No entanto, a sua vocação, que se antevia desde muito jovem com a observação da vida animal, seria cimentada a bordo do Beagle, navio que durante cinco anos explora o planeta numa expedição que estaria na origem da alteração da maneira como se passaria a olhar o Homem e o Mundo.
Integrando a expedição como naturalista a conselho de um professor de Cambridge, Darwin deixou o Reino Unido em Dezembro de 1831 e durante cinco anos juntou fósseis, amostras geológicas e observou espécies vegetais e animais.
No final da viagem, quando regressa a Inglaterra, a visão sobre o Mundo e a evolução das espécies era diferente.
É por isso que Darwin prossegue as suas observações e estudos quase envolvido em secretismo. As novas ideias ideias evolucionistas entravam em choque com a visão bíblica da criação, muito pela ideia defendida por Darwin de que o macaco era um parente afastado do Homem.
Muitos anos depois, publica o livro "A Origem das Espécies", o que dividiu opiniões e o tornou um alvo preferencial da crítica, mesmo entre os seus pares.
Graças a um forte espírito científico, Charles Darwin prosseguiu contudo com as investigações sobre a origem e evolução das espécies até ao fim da vida.
Portugal lembra Charles Darwin
O nascimento do biólogo britânico é assinalado pelo Jardim Zoológico de Lisboa com "A evolução de Darwin", exposição que inclui a primeira reconstituição tridimensional do cientista enquanto jovem a observar um insecto (foto do artigo).
A exposição, que pode ser vista na Fundação Calouste Gulbenkian, inclui ainda "o escritório de Darwin" e a reconstituição da viagem a bordo do Beagle, elementos pertencentes ao Museu Americano de História.
No espaço do Jardim Zoológico decorre o programa educativo "Ao encontro de Darwin", com os alunos de escolas de todo o país convidados a "seguir as indicações deixadas por Darwin sob forma de cartas, ao longo de um percurso exploratório (em que) poderão observar ao vivo algumas das espécies que levaram o cientista a questionar a diversidade biológica do planeta".
O Jardim Zoológico contribui para esta mostra histórica com vários animais: a tartaruga-terrestre, a piranha, a suricata, a anaconda, a chuckwalla (da família das iguanas) e o mico-leão-dourado. De acordo com o Zoológico é assim deixada a mensagem para "a importância da preservação de muitas destas espécies, cada vez mais ameaçadas pelo próprio Homem".
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