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sexta-feira, outubro 31, 2008
Cada um...
quinta-feira, outubro 30, 2008
Coisas que se pensam quando qualquer outra coisa seria menos inútil
Foto:G.Ludovice 2008
É necessário que se deseje não desejar isso que escapa ou que nunca lá esteve (para se estar em paz) seja o entorno o prato de comida a fumegar, a linha de um livro que falta àquela ideia que nos remete para o beijo que era outro, não importa o que seja...
Mas isso é diagonalmente bom para a humanidade?
O que há de mal em ter como se têm coisas, inquietações?
O que haverá de suspeita se também as não soubermos onde arrumar?
O que há de fantástico em não querer ver esses espaços que sobram do puzzle da vida?
E se lançarmos algumas peças para um sítio a que nunca mais chegaremos, à laia de tempestiva criatividade e acharmos bela, a composição de impensáveis possibilidades?
Essa paz que se pretende perfeita e ideal, pode ser indício de que nem sempre o aceitável é necessário.Varramos vez por outra, o óbvio.
Hermann Hesse, in 'O Jogo das Contas de Vidro'
Mais nada...
quarta-feira, outubro 29, 2008
Sobre as probabilidades
Foto:G.Ludovice 2006
O termo coloquial para designar não fazer caso das probabilidades é correr risco.
Quem sabe se uma vida feita de riscos não será (provavelmente) melhor que uma vida vivida de acordo com as regras? (...)
J.M. Coetzee, Diário de um mau ano, Ed. D.Quixote, 2008
terça-feira, outubro 28, 2008
O POETA
Inventa novos mundos, irreais, irracionais,
Escreve sobre sonhos, seres que habitam nas suas ilusões, mundos de emoções
Poeta sonhador.
O poeta escreve, olhando em volta, atento, revoltado,
Retrata realidades, seres que sofrem dificuldades,
Escreve sobre pobreza, racismo, fome, trabalho
Poeta relator.
O poeta escreve, sorridente, apaixonado, emocionado,
Descreve alegrias mundanas, cores, pessoas, flores, sabores,
Escreve sobre vida, nascimento, esperança, tolerância
Poeta optimista.
O poeta escreve, embriagado, coração apertado, desamor,
Conta-nos a profundidade da dor, amargura, noite interior,
Escreve sobre a morte, o frio, desesperado e só
Poeta triste.
O poeta escreve concentrado, brincando, ouvindo a música das palavras,
Rima animado, produzindo ecos e sons,
Escreve sobre tudo, sobretudo para rimar
Poeta cantor.
O poeta escreve enamorado, outras vezes desiludido,
Conta-nos paixões, encontros, amores, também desencontros,
Escreve sobre amor etéreo ou carnal, platónico ou real
Poeta amante.
O poeta pega nas palavras, uma a uma,
E constrói sonhos, verdades, alegrias, tristezas, ritmos ou paixões…
As palavras pegam no poeta, com cuidado,
Misturam-se no seu interior, saem palpitantes,
Fazem-se necessidade do poeta em se expressar, em comunicar.
Já tudo foi dito, as palavras vagueiam bem por cima de nós,
Nebulosas memórias da verdade ou luminosos espectros da vontade.
Já tudo foi dito.
Por isso o poeta pega nas palavras e diz tudo de novo, de outras formas…
As palavras pegam no poeta para que as relance e ninguém esqueça.
Dinamene
segunda-feira, outubro 27, 2008
Não acendas a luz
«Diário de uma viagem aos Himalaias - Nepal»
Encontram-se também muitas crianças (algumas bem pequeninas), descalças, a brincar à beira do caminho, muito sujas, com os rostos bem marcados pelo frio e pelo fumo das lareiras, mas sempre com um sorriso nos lábios. Quando passamos saúdam-nos com as mãos postas dizendo a palavra "Namasté", a saudação no Nepal.
Algumas ofereciam-nos flores e raramente pediam. Quando tentávamos fotografá-las, escondiam-se.
A seguir ao almoço, após uma grande subida de mais 3h de caminhada, chegámos a Namche Bazar. A 3440m de altitude, há um ligeiro cansaço e o coração bate um pouco mais forte.
À medida que vamos subindo, vamos sentindo cada vez mais emoção. Não há palavras para descrever tanta beleza natural e as pessoas são muito simpáticas, têm um ar calmo, tranquilo, sem stress. A paisagem é decorada com bandeirinhas de oração penduradas por todo o lado, a baloiçar com o vento, parece que estamos num ambiente de festa. É lindo…!
As casas são de pedra com as janelas e telhados muito coloridos, em tom azul, a contrastar com a cor da montanha, com o sopé sem neve e os picos branquinhos.
Há cortininhas nas janelas e as portas têm panos coloridos a tapar a entrada como que a esconder o interior pobre e humilde.
domingo, outubro 26, 2008
Analogias I
sábado, outubro 25, 2008
Tenho tantas estagnações
sexta-feira, outubro 24, 2008
RIR
Rir a preceito,
Com alma na boca.
Porque para todos nós,
A vida corre a seu jeito,
Mesmo que por vezes oca.
Não parar de sorrir,
Mesmo que só por ousadia,
Ou por que falte a vontade.
Teimar e não desistir,
Deixando entrar mais um dia.
Construir a felicidade,
sempre, mas sempre a sorrir.
quinta-feira, outubro 23, 2008
Coisas que se pensam quando qualquer outra coisa seria menos inútil,
Foto:G.Ludovice 2008
Atar os sapatos à alma, como se ela fosse uma coisa de possível entendimento.
Ou nalgum bolso trazê-la num postal!!
Às vezes apetece isso, de como se um cachecol a pudesse contornar.
E mostrá-la como se faz a um filho sempre de colo ou a uma paisagem desapossada de limites, como algo inevitável no palpitar mais fundo.
«Diário de uma viagem aos Himalaias - Nepal»
Pelo caminho pudemos observar alguns rochedos gravados com orações budistas e ornamentados com bandeiras (panos) de oração muito coloridas, transmitindo uma certa beleza e algo de mítico (os povos acreditam que as orações ou preces são levadas pelo vento e são ouvidas pelos deuses).
Segundo indicações dos guias, estes rochedos devem ser sempre contornados pela esquerda, na direcção dos ponteiros do relógio, uma questão de religião. Ao contorná-los, rezam para terem sorte e saúde nesta vida e na outra que acreditam vir a ter.
As instalações onde pernoitámos eram novas, bem equipadas e com boas casas de banho para cada dois quartos (surpresa!). Faziam lembrar chalés suíços. Aqui pudemos tomar banho quente, já que nos dias seguintes seria, talvez, impossível, devido à falta de condições e ao frio que se iria sentir.
Os primeiros aposentos
Deitámo-nos bem cedo, porque no dia seguinte esperava-nos uma longa caminhada, com algumas subidas até Namche Bazar, o mais importante povoado do Khumbu, a capital da região sherpa.
No 4º dia iniciámos a caminhada às 8h, com uma boa subida até Monjo – entrada no Parque Nacional Sagarmatha.
A primeira parte do trilho desenrolou-se por um lindo vale, com alguma vegetação e sempre ao longo do rio Dudh, com pontes suspensas que nos levavam ora à margem esquerda, ora à margem direita, onde se desenrolava o trilho, avistando ao longe os picos brancos das mais altas montanhas do mundo.
Ao longo de todo o percurso (principalmente até Namche Bazar), encontram-se muitas localidades com lodges, para apoio às expedições.
Estas pontes, suspensas por cabos de aço, são muito estreitas e baloiçam à nossa passagem. Algumas deixam ver, através dos buracos deixados pelas velhas tábuas, as águas do rio lá bem no fundo.
Ponte sobre o rio Dudh
Imaginem se nos cruzássemos com outros transeuntes mais corpulentos e de chifres (os yaques)! Era preciso ter atenção e ficar o menos tempo possível em cima da ponte, não fossem eles aparecer!
Texto e fotos de Isaura Tavares
quarta-feira, outubro 22, 2008
«Diário de uma viagem aos Himalaias - Nepal»
Para carregar a nossa bagagem, tínhamos 6 Yakes e dois rapazes sherpas, bastante jovens. Fiquei impressionada com o peso que cada um ia transportar: três sacos, com aproximadamente 15 kg cada, mais a própria mochila. Como era possível?! Os Yakes são animais corpulentos e peludos que vivem nas zonas mais altas e frias e, por isso, dão muito apoio às expedições.Os carregadores levam tudo o que é necessário para abastecer as diversas localidades. Andam mal vestidos e mal calçados, por vezes de chinelos. Vêem-se grandes pedaços de carne a serem levados dentro dos cestos, bidões com combustível, bilhas de gás e muito mais. Levam na mão um pau com uma base que os ajuda a descansar quando não têm onde poisar a carga. É inconcebível, tanto esforço que têm que despender. Estas imagens, nunca mais esquecerei, dificilmente se apagarão da minha memória. Sei que estão habituados e que é esta a sua forma de vida, mas o esforço é demasiado.
Estávamos a 2840m de altitude e iríamos chegar aos 5550m. Quanta emoção, ao vermo-nos ali no coração dos Himalaias, aos pés da mais alta montanha do mundo, o “Everest”, com 8848 metros de altitude. Este era o 1º dos 17 dias que iríamos passar nas montanhas, afastados de muitas comodidades a que estamos habituados: telemóveis, alcatrão, estrada, carros ou qualquer tipo de transporte motorizado, WC equipada, água canalizada, electricidade, aquecimentos, água potável! O primeiro contacto com as populações fez-me recuar muitos anos, lembrei-me da minha aldeia, quando as ruas não tinham alcatrão, não havia electricidade e se utilizavam cântaros de barro para ir à fonte (um poço afastado da aldeia com um caldeiro numa roldana) buscar água. Lukla é um grande povoado, tem muito comércio e as crianças brincam nas ruas sujas com esgoto a céu aberto.
Dormir
Sem outro intuito
terça-feira, outubro 21, 2008
O essencial é ter o vento
Compra-o; compra-o depressa,
A qualquer preço.
Dá por ele um princípio, uma ideia,
Uma dúzia ou mesmo dúzia e meia
Dos teus melhores amigos, mas compra-o.
Outros, menos sagazes
E mais convencionais,
Te dirão que o preciso, o urgente,
É ser o jogador mais influente
Dum trust de petróleo ou de carvão.
Eu não:
O essencial é ter o vento.
E agora que o Outono se insinua
No cadáver das folhas
Que atapeta a rua
E o grande vento afina a voz
Para requiem do Verão,
A baixa é certa.
Compra-o; mas compra-o todo,
De modo
Que não fique sopro ou brisa
Nas mãos de um concorrente
Incompetente.
Reinaldo Ferreira , in"Poemas" Livro I
segunda-feira, outubro 20, 2008
Há palavras que nos beijam
Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca,
Palavras de amor,
de esperança,
De imenso amor,
de esperança louca
Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto,
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.
De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas, inesperadas
Como a poesia ou o amor.
Alexandre O'Neill
Espero por ti
à saída do metro,
e envolvo-me no burburinho,
nos passos apressados,
nas vozes silenciosas,
daqueles que sussurram,
e voltam a partir...
Espero por ti,
sempre ansiosa, desperta,
enferma da dádiva do amor,
que sentes por mim.
Agora, atenta à sombra,
à sombra do teu corpo,
que se aproxima.
Voltaste para mim,
na paragem do metro,
de todos os dias.
maria eduarda
sábado, outubro 18, 2008
sexta-feira, outubro 17, 2008
Antes do passamento físico
Antes do chapéu da sexta noite assentar, descruza miudamente os pensamentos, de modo a que a vontade do passeio não fique a atravessar-lhe a garganta em modo parado. Desliza pelo antigo pescoço os grossos dedos da mão descasada com a doença, arruma o seu volumoso caroço de Adão mais para cima, experimenta apagar a rouquidão já mecânica com murros curtos no peito e lança-se no ímpeto dessa utilidade, a sedução.
Há muitas estatuetas de esquina que quebram as ancas e o sedimento da resignação da idade, di-lo a sua mão escapulida à imobilidade ainda com desejos de pássaro - toda a superfície macia de uma mulher é de se voar. Nem todos podem fazer descaso disso. É uma bênção inscrita no jeito duvidoso do homem, umas vezes parece que não sabe outra coisa mas alheio ao acto, estorva-lhe esse chilreio de mundos, parece que sobram do silêncio, as mulheres. O homem nesse arrogante descontacto, decora-se de outra ambição. A de ser o invasor dos espaços com seu arco macho, essa voz grave que emudece os olhos das casas e estremece de escuro as almas femininas que lá suportam o tecto.
Sabem-no as mulheres que o servem, dorsos riscados pelas palmas alheias, que no corpo, a verdade existe em profundeza de temido rio.
Muito homem para também escancarar as pernas do riso, em velho tronco, ajeita-se de ossos parados, aterrados sem hélice sobre o compacto pavimento do macio ventre, sem escolha de não ser voado. Os céus vão e voltam sob azuis maiores.
Recompõe-se apressado na cor da sua adultez, agarrado a nada, antes das duas moles colinas desaguarem para o mistério.
A terra também há-de sorvê-lo em desejo tamanho de verme másculo, matuta devagarzinho o rio.
(2006)
Parquímetros ou mealheiros?!…
No local onde vivo há parquímetros ao virar de cada esquina… Não interessa qual é a cidadezinha, pois suponho que tal se verifica em muitos cantos e recantos deste pequeno País.
Quem está desempregado e vai ao IEFP, paga para estacionar!
Quem tem consulta no Centro de Saúde, paga para estacionar!
Quem precisa de passar uma tarde ou manhã, porque menos tempo nunca é, na Segurança Social, paga para estacionar!
Quem vai às Finanças, ao Tribunal, paga para estacionar…
E o mesmo se verifica para ir a outras repartições públicas, enfim…
Moeda no parquímetro é obrigatório! E, uma sorte, se não tivermos de dar também uma ao "arrumador de serviço"!
Quem não paga parquímetro não se livra mesmo de ver as rodas do carro bloqueadas, quando este não é rebocado, e de pagar uma multa jeitosa!
Já me aconteceu ter de pagar multa por ter o carro mais tempo estacionado do que aquele que a moedinha permitia… E se passei uma manhã inteira à espera da consulta para o bebé, os fiscais não se importaram mesmo nada!
Até já pensei se o tempo que demoramos nas repartições públicas não serão uma estratégia dos que "amealham" para fazerem mais uns trocos… Já que, de hora a hora, lá vamos nós colocar mais uma moeda no seu mealheiro!
Sim, poderíamos tentar ir de autocarro… Mas , além de a frequência não ser a desejada, não têm rampas para carrinhos de bebé, além de muitas das paragens estarem longe dos locais onde precisamos de ir! Ainda não serão a solução…
Isto tudo para vos contar um episódio "feliz"!
Um dia destes, ia eu apressada a uma consulta de rastreio dentário - gratuita - para uma das minhas crianças, mesmo em cima da hora, e tal não foi o meu espanto quando verifico que nem uma moedinha na carteira! Só uma nota de 5€ e o parquímetro ali, a olhar para mim, quase que a dizer "ou pagas, ou levas multa"… Olho à volta, nem um café para trocar a nota, nem uma loja, nada…
Entretanto, passa um senhor a quem pergunto se não há estacionamentos sem parquímetros por perto!?
E o senhor, gentilmente, tirou uma senha para "uma hora de estacionamento", paga com dinheiro do seu porta-moedas!...
Agradeci-lhe emocionada e lá fui a correr para o rastreio…
Fiquei comovida com a solidariedade do homem e, apesar de detestar parquímetros -mealheiros , nesse dia, ajudaram-me a ver que, às vezes , os desconhecidos são nossos amigos… e até ajudam a reforçar o "cofre do estado" por nós!
Aqui ficam os meus melhores cumprimentos ao senhor e a todos os que, como ele, são capazes de olhar para os outros quando passam e esticar a mão, se necessário...
quinta-feira, outubro 16, 2008
quarta-feira, outubro 15, 2008
Estou aqui e agora
terça-feira, outubro 14, 2008
sábado, outubro 11, 2008
Gramática de superfície
Já não há nada a fazer!
sexta-feira, outubro 10, 2008
As coisas
A dócil fechadura, essas tardias
Notas que não lerão meus poucos dias
Que restam, o baralho e o tabuleiro,
um livro e dentro dele a esmagada
Violeta, monumento de uma tarde
Por certo inolvidável e olvidada
O rubro espelho ocidental em que arde
Uma ilusória aurora. Quantas coisas,
Limas, umbrais, atlas, copos, cravos
Nos servem como tácitos escravos,
Cegas e estranhamente sigilosas!
Durarão para além do nosso olvido
E nunca saberão que já nos fomos.
Jorge Luís Borges
Prémio Nobel da Literatura 2008
Desde 1985 que um escritor francês não ganhava o Nobel Literário. Aos 68 anos, Le Clézio, autor de romances de aventura, ensaios e literatura infantil, sucede à escritora britânica Doris Lessing, galardoada o ano passado.
O prémio foi instituído pelo milionário Alfred Nobel e estabelecido em 1901, com excepção para o Nobel da Economia, introduzido pelo Banco Central da Suécia em 1968.
quinta-feira, outubro 09, 2008
Qual a sua experiência?
A pessoa foi aceite e o seu texto está a fazer furor na Internet, pela sua criatividade e sensibilidade.
Já quis ser astronauta, tanguista, violinista, mago, caçador e trapezista; já me escondi atrás da cortina e deixei esquecidos os pés de fora; já estive sob o chuveiro até fazer chichi.
Já roubei um beijo, confundi os sentimentos, tomei um caminho errado e ainda sigo caminhando pelo desconhecido. Já raspei o fundo da panela onde se cozinhou o creme, já me cortei ao barbear-me muito apressado e chorei ao escutar determinada música no autocarro.
Já tentei esquecer algumas pessoas e descobri que são as mais difíceis de esquecer. Já subi às escondidas até ao terraço para agarrar estrelas, já subi a uma árvore para roubar fruta, já caí por uma escada. Já fiz juramentos eternos, escrevi no muro da escola e chorei sózinho na casa de banho por algo que me aconteceu; já fugi da minha casa para sempre e voltei no instante seguinte.
Já corri para não deixar alguém a chorar, já fiquei só no meio de mil pessoas sentindo a falta de uma única. Já vi o pôr-do-sol mudar do rosado ao alaranjado, já mergulhei na piscina e não quis sair mais, já tomei whisky até sentir os meus lábios dormentes, já olhei a cidade de cima e nem mesmo assim encontrei o meu lugar.
Já senti medo da escuridão, já tremi de nervos, já quase morri de amor e renasci novamente para ver o sorriso de alguém especial, já acordei no meio da noite e senti medo de me levantar. Já apostei a correr descalço pela rua, gritei de felicidade, roubei rosas num enorme jardim, já me apaixonei e pensei que era para sempre, mas era um 'para sempre' pela metade.
Já me deitei na relva até de madrugada e vi o sol substituir a lua; já chorei por ver amigos partir e depois descobri que chegaram outros novos e que a vida é um ir e vir permanente.
Foram tantas as coisas que fiz, tantos os momentos fotografados pela lente da emoção e guardados nesse baú chamado coração...
Agora, um questionário pergunta-me, grita-me desde o papel: " - Qual é a sua experiência?"
Essa pergunta fez eco no meu cérebro.
Experiência.... Experiência...
Será que cultivar sorrisos é experiência?
Agora... agradar-me-ia perguntar a quem redigiu o questionário:
- Experiência?! Quem a tem, se a cada momento tudo se renova???»
quarta-feira, outubro 08, 2008
Modos de Construir uma Personalidade
porque a direcção é mais importante que a velocidade.
Sente-se noutra cadeira,
no outro lado da mesa.
Mais tarde,
mude de mesa.
Quando sair,
procure andar pelo outro lado da rua.
Depois, mude de caminho,
ande por outras ruas, calmamente,
observando com atenção os lugares por onde passa.
Mude por uns tempos o estilo das roupas.
Dê os seus sapatos velhos.
Procure andar descalço alguns dias.
Tire uma tarde inteira para passear livremente na praia,
ou no parque, e ouvir o canto dos passarinhos.
Veja o mundo de outras perspectivas.
Abra e feche as gavetas e portas com a mão esquerda.
Durma no outro lado da cama...
Assista a outros programas de T.V., compre outros jornais...
leia outros livros,
Viva outros romances.
Não faça do hábito um estilo de vida.
Durma mais tarde.
Durma mais cedo.
Aprenda uma palavra nova por dia numa outra língua.
Corrija a postura.
Coma um pouco menos,
escolha comidas diferentes,
novos temperos, novas cores, novas delícias.
Tente o novo todo dia, o novo lado,
o novo método,
o novo sabor,
o novo jeito,
o novo prazer,
o novo amor,
a nova vida.
Tente.
Procure novos amigos.
Faça novas relações.
Ame muito,
cada vez mais, de modos diferentes.
Escreva outras poesias.
Vá a outros cinemas,
outros teatros,
visite novos museus.
Mude.
Lembre-se de que a Vida é uma só.
Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as.
Seja criativo.
E aproveite para fazer uma viagem despretensiosa,
longa, se possível sem destino.
Experimente coisas novas.
Troque novamente.
Mude, de novo.
Experimente outra vez.
Você certamente conhecerá coisas melhores e coisas piores do que as já conhecidas,
mas não é isso o que importa.
O mais importante é a mudança,
terça-feira, outubro 07, 2008
O Valor da Crónica de Jornal
segunda-feira, outubro 06, 2008
Coisas que se pensam quando qualquer outra coisa seria menos inútil
Foto:G.Ludovice 2008
No limiar de algo, está o sabor da realidade pronto para as papilas gustativas da vida.
Não que se tenha de saber o vento rasante da queda, para se saber o que isso é em profundidade, porque não é quando se busca que se encontra.
Quem me mandou a mim querer perceber?
sábado, outubro 04, 2008
Presente Nulo
Sentimo-nos deslizar pelo tempo, isto é, podemos pensar que passamos do futuro para o passado, ou do passado para o futuro, mas não há um momento em que possamos dizer ao tempo: «Detém-te! És tão belo...!», como dizia Goethe. O presente não se detém. Não poderíamos imaginar um presente puro; seria nulo. O presente contém sempre uma partícula de passado e uma partícula de futuro, e parece que isso é necessário ao tempo.