in - Entrevista ao Público, 17.06.09
Páginas
sexta-feira, julho 30, 2010
Morreu António Feio
in - Entrevista ao Público, 17.06.09
domingo, julho 25, 2010
Desafio da Em@
2. Em que data exacta iniciou o blogue?
Iniciei o blogue no dia 07 de Abril de 2008.
3. Nomeio os seguintes seguidores leais :
Anabela Magalhães
Andy
Em@
Lita
sábado, julho 24, 2010
sábado, julho 17, 2010
Coisas que se pensam quando qualquer outra coisa seria menos inútil
sexta-feira, julho 16, 2010
PRESENÇA
E se estás perto, tenho os sons, a vida doce e nacarada,
O ar fresco da manhã sempre orvalhada
A brilhar, gota a gota, no meu Ser profundo.
Tenho a paz nos tempos mais atribulados,
A prudência quando penso em cair,
A virtude de quem sabe esperar e resistir
À vontade de fugir por caminhos maltratados.
Tenho a consciência de que não sou mais que grão de areia
Na mão de um Deus que sabe que eu existo;
Que sou marinheiro errante num mundo imprevisto
E sou o gigante colossal de uma epopeia.
E se estás perto, sei que a vida está comigo
E o sonho é a via perdida que procuro,
Que me guia no deserto, pelo escuro
Das esquinas onde sempre espreita o Perigo.
Sofia Pedro
sábado, julho 10, 2010
O QUE ME FAZ SENTIR BEM...
A escrita, o estudo, o desenho e o “poeta-pintor”,
O sol quente na pele, um livro policial a estrear,
A liberdade de escolher o que vestir e o que usar,
Fernando Pessoa e os todos os filmes de acção,
Escrever o que quero sem objectivo e sem obrigação,
Esquecer que as horas existem e que o tempo passa
Estar confortável e ver a chuva através da vidraça,
Beber água fresca numa serra interminável
Gozar a sombra no calor de um dia inigualável,
Passar os meus conhecimentos para o futuro
E marcar a minha passagem por mais que seja duro,
Fazer rir, porque a alegria é contagiante,
Apoiar o destino da vida e fazer seguir em frente...
Olvidar a pessoa por detrás dos sentimentos
E respirar somente a força de todos os momentos...
Sónia Pedro
sexta-feira, julho 09, 2010
ENTÃO...
Quando nada se passa como eu queria,
E a vida é o rio e a torrente que vão correndo
Levando à sua frente as calmas horas do meu dia;
Quando descubro os espinhos da minha rosa,
Quando a solidão e a tristeza não têm fim,
Quando a raiva que me assalta é tão silenciosa
Que só a sinto quando já está dentro de mim;
Quando me sento a contemplar o vazio,
Quando descubro que não tenho nada nem ninguém
E que percorro este caminho tão sombrio
Que mais ninguém quer e ninguém tem,
Sei que a vida é como uma montanha
E a subida faz-se tão penosamente
Que o cansaço é grande e a tentação tamanha
De fugir, descer a encosta e não seguir em frente;
Sei que sou aquilo que quiser, tudo ou nada,
Arrastada pouco a pouco sem cair;
E se chego ao fim da caminhada
Sei que verei o sol da alvorada:
É sempre mais fácil descer do que subir.
Sofia Pedro
quinta-feira, julho 08, 2010
O MENINO DOS PÉS FRIOS
Era uma vez uma casa. Muito grande. Com um tecto altíssimo, nem sempre azul. Uma casa enorme onde habitava uma grande família: uma família tão grande que, por vezes, não julgavam os seus membros que se conheciam. E se deviam amar.
Houve um menino que entrou nesta casa estava ela toda branca. No chão tapetes de neve, cristais de água de uma brancura que estremecia. E as próprias árvores escorriam essa brancura. E frio. Iluminava-a uma estrela tão brilhante que, sobre o tecto, parecia que poisava sobre as nossas mãos.
Ora um dia, em que fazia anos em que esse menino entrara nessa casa, outro menino por ela andava com frio. Pelo chão, pelos milhões de cristais, caminhavam os seus pezitos enregelados. Tanto frio que nem podia olhar a estrela brilhante. Nem os milhões de cristais que pisava.
Uma mulher chorava a um canto dessa casa. E era triste essa mulher. Estava triste e cansada. Na casa nem tudo era belo. Ali estava aquele menino cheio de frio. E, como ele, tantos meninos.
E, já há quase dois mil anos, um menino entrara na asa, que ficou mais clara com a luz brilhante do tecto. O menino entrou só para dizer uma palavra pequenina: AMOR.
Então essa mulher perguntou ao menino dos pés frios:
– Tu não tens a tua casa?
O menino olhou a mulher triste e ficou triste. Ambos estavam tristes. E disse quase envergonhado que não.
– Tu não tens roupa? Sapatos? Um lume? Pão?
A cabeça (tão linda!) do menino ia abanando sempre a dizer não. A mulher triste começou a ter vergonha. Então ela consentia que na sua casa, na casa de todos, de tecto nem sempre azul, houvesse um menino sem roupa, sem lume, sem pão? Ela consentia uma coisa assim? E os outros também?
Escorregaram-lhe pela face já enrugada duas lágrimas transparentes. De água. Água como a que tombava do tecto, como a que se estendia nos mares.
E perguntou mais ao menino:
– E para onde vais? Eu dou-te qualquer coisa para o caminho...
O menino olhou para ela admirado. Não lhe disse para onde ia. Observou-lhe apenas:
– Tens duas gotas de água nos teus olhos que reflectem o céu azul e a lâmpada do tecto. Não sentes?
A mulher deixou cair pelo rosto enrugado as duas lágrimas. A pele, então, ficou-lhe mais lisa. E ela tornou-se menos curva. Ergueu-se. Estendeu, sorrindo, os dois braços ao menino. E disse:
– Fica. Perdoa.
E o menino ficou. Nos seus braços. Encostado ao seu peito. Com os pés aquecidos sobre o campo de neve.
E a mulher entendeu que não adiantava chorar ao canto da casa. E o seu vestido era uma bandeira. E o seu coração uma flor. Com o menino a seu lado.
sábado, julho 03, 2010
Coisas que se pensam quando qualquer outra coisa seria menos inútil
Alentejo....
Além Mar...
Além, te vejo...
A vaguear...
Na mão, o poejo,
A aromatizar!... Estou na praia, fecho os olhos e vejo a planície imensa, contínua, até ao horizonte... Entretanto, abro-os, devagarinho, e entre os sobreiros e as oliveiras da minha memória, encontro-te, de canivete no bolso, boina, bengala,…
Inspiro o cheiro a maresia, com um toque de poejo, e sorrio ao pensar nesta imensidão de mundo que me deixaste. Talvez fosses mesmo como a planície e o mar na infinitude que têm em comum...
Deixaste-me tanto, tanto do que foste sou eu agora, recordo as tuas memórias...
Saudades da tua voz, do brilho dos teus olhos pequenos, do toque das tuas mãos ásperas e meigas nas minhas, das tuas histórias...
Vejo agora, na luz das minhas lágrimas, de mar e de azeite, o reflexo do teu rosto sábio e feliz.
Farias 98 anos...
Meu querido João, quase centenário…
sexta-feira, julho 02, 2010
VOZ ACTIVA
Mas logo todo o tecido da vida vibrou,
Como ondas que uma pedra alguém lançou
Num lago absorto, agitado pelo choque.
Senti a vida feita de energia invisível
A surgir como luz no meio da escuridão,
E lancei as imagens pré-fabricadas ao chão
Num único movimento imprevisível.
O que foi, o que é e tudo aquilo que será
Não é o que me dizem, mas o que alimentará
Os sonhos que me levam ao longo do caminho.
E se um dia fui aquela voz que eu julgava ser passiva,
Hoje compreendo que para se ser voz activa
Basta esta força omnipresente que não vejo, mas adivinho…
Sofia Pedro
Aprisionadas
Albergo as palavras
no parapeito
da minha voz interior,
pronta a soltá-las,
mas em vão...
Por enquanto,
são novelo bravio,
difícil de desatar.
Um dia, ligeiras,
soltarão o som,
mensageiro de sentido.
Até lá,
não ousam
sair da minha janela,
frouxa, rangente,
aguardando permissão
de luz verde
nas luminosas manhãs,
quando a sonora gargalhada
as acompanhar.
maria eduarda