Nenhum de nós sabe o que existe e o que não existe. Vivemos de palavras. Vamos até à cova com palavras. Submetem-nos, subjugam-nos. Pesam toneladas, têm a espessura de montanhas. São as palavras que nos contêm, são as palavras que nos conduzem.
Mas há momentos em que cada um redobra de proporções, há momentos em que a vida se me afigura iluminada por outra claridade. Há momentos em que cada um grita: - Eu não vivi! eu não vivi! eu não vivi! - Há momentos em que deparamos com outra figura maior, que nos mete medo. A vida é só isto?
Raul Brandão, in "Húmus"
2 comentários:
A propósito deste texto, lembrei-me de uma frase de Eduardo Prado Coelho, numa das suas últimas entrevistas, e que foi publicada na "Visão" da semana de 25 de Agosto de 2007, quando da morte do professor/escritor. A capa da "Visão" tem uma foto da madre Teresa de Calcutá. Já procurei a revista, que entretanto emprestei ou devo ter deitado fora, já pesquisei na visaoonline, mas não encontro. Uma pena, pois aquela frase arrepia e leva-nos a pensar precisamente em "A vida é só isto?".Vou continuar a procurar a frase de E. P. Coelho.
Lembro-me desse dia. Ia a caminho do hospital, para ver o meu pai, quando ouvi na rádio, a notícia da sua morte.
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