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terça-feira, setembro 23, 2008

THE UNENDING GIFT

Um pintor prometeu-nos um quadro
Agora, em New England, sei que ele morreu. Senti, como outras vezes, a tristeza e a surpresa de compreender que somos como um sonho. Pensei no homem e no quadro perdidos.
(Só os deuses podem prometer, porque são imortais.)
Pensei num lugar determinado que a tela não ocupará.
Pensei depois: se lá estivesse, seria como tempo essa coisa mais, uma coisa, uma das vaidades ou hábitos da minha casa; agora é ilimitada, incessante, capaz de qualquer forma e qualquer cor e não ligada a ninguém.
De algum modo existe. Viverá e crescerá como uma música, e estará comigo até ao fim. Obrigado Jorge Larco.
(Também os homens podem prometer, porque na promessa há algo de imortal).

Jorge Luís Borges

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