Excerto de um dos textos de Prado Coelho. Vale MUITO a pena ler. E pensar sobre.
«… pertenço a um país onde a ESPERTEZA é a moeda sempre valorizada, tanto ou mais do que o euro. Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família baseada em valores e respeito aos demais. Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é, pondo umas caixas nos passeios onde se paga por um só jornal E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO-SE OS DEMAIS ONDE ESTÃO.
Pertenço ao país onde as EMPRESAS PRIVADAS são fornecedoras particulares dos seus empregados pouco honestos, que levam para casa, como se fosse correcto, folhas de papel, lápis, canetas, clips e tudo o que possa ser útil para os trabalhos de escola dos filhos … e para eles mesmos. Pertenço a um país onde as pessoas se sentem espertas porque conseguiram comprar um descodificador falso da TV Cabo, onde se frauda a declaração de IRS para não pagar ou pagar menos impostos. Pertenço a um país onde a falta de pontualidade é um hábito. Onde os directores das empresas não valorizam o capital humano. Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e depois reclamam do governo por não limpar os esgotos. Onde pessoas se queixam que a luz e a água são serviços caros. Onde não existe a cultura pela leitura (onde os nossos jovens dizem que é “muito chato ter que ler”) e não há consciência nem memória política, histórica nem económica. Onde nossos políticos trabalham dois dias por semana para aprovar projectos e leis que só servem para caçar os pobres, arreliar a classe média e beneficiar a alguns.
Pertenço a um país onde as cartas de condução e as declarações médicas podem ser “compradas”, sem se fazer qualquer exame. Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no autocarro, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não dar-lhe o lugar. Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o peão. Um país onde fazemos muitas coisas erradas, mas estamos sempre a criticar os nossos governantes».
«… pertenço a um país onde a ESPERTEZA é a moeda sempre valorizada, tanto ou mais do que o euro. Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família baseada em valores e respeito aos demais. Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é, pondo umas caixas nos passeios onde se paga por um só jornal E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO-SE OS DEMAIS ONDE ESTÃO.
Pertenço ao país onde as EMPRESAS PRIVADAS são fornecedoras particulares dos seus empregados pouco honestos, que levam para casa, como se fosse correcto, folhas de papel, lápis, canetas, clips e tudo o que possa ser útil para os trabalhos de escola dos filhos … e para eles mesmos. Pertenço a um país onde as pessoas se sentem espertas porque conseguiram comprar um descodificador falso da TV Cabo, onde se frauda a declaração de IRS para não pagar ou pagar menos impostos. Pertenço a um país onde a falta de pontualidade é um hábito. Onde os directores das empresas não valorizam o capital humano. Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e depois reclamam do governo por não limpar os esgotos. Onde pessoas se queixam que a luz e a água são serviços caros. Onde não existe a cultura pela leitura (onde os nossos jovens dizem que é “muito chato ter que ler”) e não há consciência nem memória política, histórica nem económica. Onde nossos políticos trabalham dois dias por semana para aprovar projectos e leis que só servem para caçar os pobres, arreliar a classe média e beneficiar a alguns.
Pertenço a um país onde as cartas de condução e as declarações médicas podem ser “compradas”, sem se fazer qualquer exame. Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no autocarro, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não dar-lhe o lugar. Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o peão. Um país onde fazemos muitas coisas erradas, mas estamos sempre a criticar os nossos governantes».
Eduardo Prado Coelho
7 comentários:
Continuo sem encontrar a tal frase. Está na "Visão" d 30 Agosto de 2007.
Vou tentar encontrar a frase.
A propósito, não me revejo neste país, cidadã igual à espelhada no texto.
Bjo
Encontrei a revista. O artigo tem o título:"O fim do horizonte", mas não se consegue visualizar.
Pois!!! Tem que ser em papel! Obrigada pela tentativa.
Pois, tens razão, também n me revejo nesse tipo de pessoas, mas, tal como o E. Prado Coelho, quer queiras quer não, pertences a este país, onde há muita gente que faz exactamente o que o escritor descreve!!!
Sim, há muitos que fazem o que o autor descreve…. Pois!...
Mas não é a culpa dos governantes?!....
Que nos ensinam as novelas, a música pimba, as notícias (des)informativas??…
Que incentivos à leitura? Ao conhecimento? Suficientes??
Ainda há pouco fui comprar os livros de escola para a minha filha… Um dinheirão!
Levarão as pessoas papel, canetas e outros materiais para casa porque o ordenado não chega? Sim, não é correcto!
Também não é correcto viver a “sobreviver”, licenciados explorados, a trabalhar em cafés e afins. Filhos e famílias adiadas porque muito têm de viver em casa dos pais até depois dos trinta. Recibos verdes a torto e a direito.
etc, etc, etc...
E, já agora, dois episódios, “deste país” e do “outro”…
1) Há tempos, no supermercado, com o meu bebé de colo, fui para a caixa prioritária, onde havia uma fila enorme de pessoas sem bebés, nem deficiências, nem barrigas de mamã…e não me deram prioridade porque o meu bebé não estava ao colo mas no carrinho do super mercado.
2) No outro dia, no metro em Lisboa, hora de ponta e muita gente, entra uma Sra com um menino de uns 3 a 4 anos que gritava: “quero sentar!”…. Lá alguém se levantou para lhe dar lugar. O menino, depois de sentado, “quero o lugar da janela”, que também lhe foi cedido (apesar de só se ver o túnel para lá da janela)….
Dinamene,
É o país que temos, com o povo que somos nós!
:(
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