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terça-feira, dezembro 20, 2011

Das estórias




Calo estórias
de entardeceres chuvosos.
Deixam marcas
na minha janela
virada para o Sul.
Lá, as gotas de água
volatilizam
ao calor do Sol
que iluminou
narrativas de vida.

maria eduarda

sexta-feira, outubro 07, 2011

Prémio Nobel da Literatura

O Prémio Nobel da Literatura 2011 foi atribuído ao poeta e tradutor sueco Tomas Tranströmer, anunciou quinta-feira a Academia sueca, em Estocolmo.

O sueco Tomas Tranströmer, 80 anos, autor de “Den stora gatan” (O Grande Enigma, 2004) foi distinguido com o prémio Nobel da Literatura. O prémio tem o valor monetário de dez milhões de coroas suecas, cerca de 1,1 milhões de euros.

O prémio Nobel da Literatura 2011 é representante da poesia lírica, que não era premiada pela academia sueca desde 1996, ano em que foi eleita a poetisa polaca Wislawa Szymborska. A Academia sueca anunciou que Tranströmer merceu o galardão “porque, através das suas imagens condensadas e translúcidas, dá-nos um acesso fresco à realidade”. Além da sua obra poética, tem-se destacado como tradutor.

A cerimónia de entrega dos Prémios Nobel 2011 realiza-se no próximo dia 10 de dezembro, na capital sueca. Tomas Tranströmer, no entanto, não vai poder falar para agradecer. O poeta sofreu em 1990 um acidente vascular cerebral que o deixou em parte afásico e hemiplégico. Apesar disso, continuou a escrever. Desde então, publicou mais três obras, entre as quais “O Grande Enigma: 45 Haikus”.

JA/Rede Rxpresso

sexta-feira, setembro 30, 2011

Uma vida à sua frente

Este livro emocionou-me bastante! Por várias razões. Os temas abordados levam-nos a pensar em pequenos pormenores que, na lufa-lufa do nosso dia a dia, apesar de sabermos que as coisas acontecem, que o mundo é muito cruel, acabamos por “fingir” que não é bem assim, que tudo se vai resolvendo. A velhice, a eutanásia, a prostituição, todas as vítimas dela, nomeadamente as crianças, são temas fortes, tratados com muito realismo, também poesia e ternura. As repetições de situações limite que nos são apresentadas, reforçam sempre os temas, tão pesados, que uma criança é capaz de vivenciar, com coragem e tanto amor. Gostei imenso, apesar de, por vezes, ficar incomodada com a realidade que somos obrigados a ver. A forma como os velhos são tratados no mundo civilizado (?!), a solidariedade daquela gente que colaborava com o pequeno Momo para que surgissem algumas soluções, a teimosia da madame Rosa em não querer ir para um hospital para os cuidados continuados, e o esforço do jovem para cumprir esse seu desejo. Valeu! Estive até quase ao meio do livro a pensar que se tratava de um menino de dez anos!!! O modo como ele e nós descobrimos que é mais velho quatro anos, é sublime. Este é daqueles livros que queríamos continuar a ler. Li-o depressa, é sempre assim quando se gosta. Parece que circula já o filme “Madame Rosa”, numa adaptação do livro ao cinema.

Romain Gary

sexta-feira, agosto 26, 2011

Kafka à Beira-Mar

"E não há maneira de escapar à violência da tempestade, a essa tempestade metafísica, simbólica. Não te iludas: por mais metafísica e simbólica que seja, rasgar-te-á a carne como mil navalhas de barba. O sangue de muita gente correrá, e o teu juntamente com ele. Um sangue vermelho, quente. Ficarás com as mãos cheias de sangue, do teu sangue e do sangue dos outros. E quando a tempestade tiver passado, mal te lembrarás de ter conseguido atravessá-la, de ter conseguido sobreviver. Nem sequer terás a certeza de a tormenta ter realmente chegado ao fim. Mas uma coisa é certa. Quando saíres da tempestade já não serás a mesma pessoa. Só assim as tempestades fazem sentido.”

Haruki Murakami, in 'Kafka à Beira-Mar'

sexta-feira, julho 01, 2011

Ao meu irmão mais velho


Partiste cedo.
Levaste um bilhete
de ida, sem volta.
Seres chorosos
à tua volta,
olham o rosto
tão familiar,
que é o teu!

Partiste,
deixaste caminhos,
por onde
não mais andarás.
Teus filhos
caminharão,
seguindo os trilhos
que lhes indicaste.
Partiste irmão,
e nas contas dos cinco,
estás ausente!

maria eduarda

domingo, maio 29, 2011

E estava dentro do sonho e acordei satisfeita, mas depois ainda maior alegria tive quando acordei outra vez e sucedeu-se isso várias vezes, porque havia sempre alguma coisa de inaceitável no despertar penúltimo. Mas depois, quis ainda acordar de acordar de novo e já não foi possível e tive de me lançar para as ruas como uma coisa pela janela, para acreditar no que vivia....

quinta-feira, maio 12, 2011

Do encontro

Buscamo-nos
lá atrás,
onde ficámos,
livres de opções,
até à partida
rigorosa.
Hoje,
milénios traçados,
voltamos
não à terra,
mas ao ser
que fomos
um dia.

maria eduarda

sábado, maio 07, 2011

Coisas que se pensam quando qualquer outra coisa seria menos inútil

Ver isso que vai acontecer, coincidido com o agora, eis a tontura derradeira.
Não sei se é fantasia de um ser delirante ou algo que ocupando volume vem nesta direcção. Isso vai acontecer! Não sei como, porquê nem quando e se me perguntarem o que é que vai acontecer, também não o ponho em palavras. É esse o sentimento que trago quase como um leve peso e não sei se me tece desde o berço quando já cheirava o mundo ou se é coisa de há pouco, e se foi de agora, buscou correr para o passado com tão grande ensejo, que se tornou parecido ao resfolgar sonoro de duas pontas, se é que a existência as tem. 

sábado, abril 16, 2011

para lá do inteligível...


O sol brilha lá fora.
Bem para lá do oriente eterno onde outros descansam.


Sussurram-te ao ouvido:
- É de noite. Está escuro.


Mas que importa?
Para mim a luz brilha clara e intensamente.

sábado, abril 02, 2011

Solidão aparente

Muitas vezes é bom estarmos sós, apenas com o som do bater do nosso coração,

Sentir a certeza de que enquanto estivermos vivos e nos tivermos, não haverá solidão,
É apenas aparência...

Tudo o que me cerca me faz companhia, todos os risos desconhecidos ou as dores alheias,
Pois na mais recôndita das solidões descubro que eu sou os outros, os outros que são eu...

Dinamene

quinta-feira, março 31, 2011

Para meditar

A solidão é muito bela, mas quando se tem perto de si alguém a quem o dizer.

Gustavo Bécquer

quarta-feira, março 30, 2011

Quem não dava a vida por um amor?


O essencial é amar os outros. Pelo amor a uma só pessoa pode amar-se toda a humanidade. Vive-se bem sem trabalhar, sem dormir, sem comer. Passa-se bem sem amigos, sem transportes, sem cafés. É horrível, mas uma pessoa vai andando.
Apresentam-se e arranjam-se sempre alternativas. É fácil.
Mas sem amor e sem amar, o homem deixa-se desproteger e a vida acaba por matar.
Philip Larkin era um poeta pessimista. Disse que a única coisa que ia sobreviver a nós era o amor. O amor. Vive-se sem paixão, sem correspondência, sem resposta. Passa-se sem uma amante, sem uma casa, sem uma cama. É verdade, sim senhores.
Sem um amor não vive ninguém. Pode ser um amor sem razão, sem morada, sem nome sequer. Mas tem de ser um amor. Não tem de ser lindo, impossível, inaugural. Apenas tem de ser verdadeiro.
O amor é um abandono porque abdicamos, de quem vamos atrás. Saímos com ele. Atiramo-nos. Retraímo-nos. Mas não há nada a fazer: deixamo-lo ir. Mais tarde ou mais cedo, passamos para lá do dia a dia, para longe de onde estávamos. Para consolar, mandar vir, tentar perceber, voltar atrás.
O amor é que fica quando o coração está cansado. Quando o pensamento está exausto e os sentidos se deixam adormecer, o amor acorda para se apanhar. O amor é uma coisa que vai contra nós. É uma armadilha. No meio do sono, acorda. No meio do trabalho, lembra-se de se espreguiçar. O amor é uma das nossas almas. É a nossa ligação aos outros. Não se pode exterminar. Quem não dava a vida por um amor? Quem não tem um amor inseguro e incerto, lindo de morrer: de quem queira, até ao fim da vida, cuidar e fugir, fugir e cuidar?

Miguel Esteves Cardoso, in Último Volume

segunda-feira, março 28, 2011

Prémio atribuído pela Em@

Obrigada Em@.

terça-feira, março 22, 2011

Da poesia esquecida


Esqueci-me de assinalar o dia 21, como o dia da poesia, de tão embrenhada que estava a sonhar sem rimas, e a divagar ao sabor do contorno das letras, que do papel sibilaram a favor do vento, e eu parti com elas.

maria eduarda

terça-feira, março 08, 2011

A viagem

Abri-te a porta,
e tu levaste-me
a navegar
a favor da maré.
Confusão de sentidos,
em uníssono disparo
no mesmo alvo.
Enclausurada
no teu abrigo
repleto de luz,
percorremos juntos
o caminho,
sem perguntas,
porque as respostas
já as assimilámos
nos nossos sentires.


maria eduarda

segunda-feira, março 07, 2011

o tempo, subitamente solto

Symphony in Red and ...
Laurie Maitland


o tempo, subitamente solto pelas ruas e pelos dias, como a onda de uma tempestade a arrastar o mundo, mostra-me o quanto te amei antes de te conhecer. eram os teus olhos, labirintos de água, terra, fogo, ar, que eu amava quando imaginava que amava. era a tua a tua voz que dizia as palavras da vida. era o teu rosto. era a tua pele. antes de te conhecer, existias nas árvores e nos montes e nas nuvens que olhava ao fim da tarde. muito longe de mim, dentro de mim, eras tu a claridade.

José Luís Peixoto

quinta-feira, fevereiro 24, 2011

Viajo

Viajo,
sem bagagem,
só eu.
Entram-me
nos olhos,
imagens,
daqui e dali.
E continuo,
sem paragens.

No cansaço
da travessia,
acordo do sonho,
e daqui e dali,
imagens reais,
palpáveis,
relembram-me o sonho,
no sono.

Sem bagagem,
sem bilhete,
só eu.


maria eduarda

sexta-feira, fevereiro 18, 2011

Da vida


daqui

Ouço os passos da noite

pesados de escuridão,

na letargia do sono.

Imóvel,

sustenho a luz

que me invade

e me liberta

para a vida.



maria eduarda

segunda-feira, fevereiro 14, 2011

Por inteiro


Não sei rir,

sem motivo.

Não sei partir,

estando inteira.

Não sei sofrer,

em metades.

Em tudo o que faço,

em tudo o que sinto,

sou toda,

plena de vontades.



maria eduarda

quarta-feira, janeiro 12, 2011



Lido e lindo. Na "Lei do Amor" , quando o o ódio se instala entre duas pessoas a vida vai incumbir—se de as reencarnar, de as passear pelo tempo e pelo espaço quantas vezes for necessário até que consigam amar—se.


Um romance que refere como transformar o Ódio em Amor....