Isto é um país de contos de fadas. Nunca imaginei tanta beleza junta. A paisagem é deslumbrante. Os jardins, os campos de relva e flores, muitas flores, às molhadas. Vejam só! Árvores enormes que dão flores enormes. Nem se lhes vêem, a partir de agora, as folhas. Só flores, azuis, rosas, vermelhas, amarelas, matizadas e brancas. As árvores estão vestidas de noiva. Lindas! Esta tarde não me apetecia sair, tinha frio. Eles, cá, andam de t-shirt e calções e eu de camisola e casaco. Convenceram-me a sair, para ver as belezas. Poderíamos ficar no carro. Rios e lagos, jardins, barcos e castelos, aos “montes”. Gente a passear à vontade. Está sol, mas eu tenho frio, sinto-o nos ossos. Não resisti e houve um momento em que tive de enfrentar a temperatura para melhor abranger a paisagem. Só beleza!”
“No regresso, aqui perto de casa, um jardim, ou seja, um parque de nome Vitória. O chão é pintado e os canteiros, repletos de florinhas. As árvores, percebe-se pelas raízes, devem ser centenárias, mas dão flores aos cachos, como árvores de fruto. Trouxemos um raminho cor-de-rosa.”
“Ontem fomos comprar terra para as plantas do quintal. Acorda-se um dia com as plantas secas, no outro estão em botão e ao terceiro dia em flor. É a renovação da natureza!”
“Este país parece de contos de fadas. Palácios, igrejas e a Natureza, q se manifesta até nas pessoas boas e «enormes»”.
“O tempo está bom. O ventinho é que é frio. Os naturais andam d t-shirt e chinelinhas de enfiar o dedo. Com a manta de gordura q têm, n sentem frio.”
(Abril 2010-excertos de cartas da minha mãe, em Cardiff, há quase dois meses)
3 comentários:
A minha mãe viajou até ao País de Gales. Foi para passear, para aproveitar a vida enquanto pode ainda usufruir das coisas belas que ela tão bem sabe apreciar. Depois de tantas adversidades, é justo que assim seja. Porém, nem sempre as situações acontecem como desejamos e, no segundo dia em Cardiff, caiu, foi parar ao hospital. “Bad, very bad!”, ainda não tinha visto praticamente nada, nem passeado e, em vez das catedrais, que já tinha manifestado vontade de visitar, começou por visitar um hospital. Quinze dias internada, com fractura do nariz e as complicações que já levava daqui, depois de uma meningite há dois anos. Ao fim de poucos dias, dizia ao telefone que estava ser muito mimada, muito bem tratada, nem parecia estar num hospital público. Os médicos, altos e bonitos, as enfermeiras, bonitas e simpáticas. Nunca se queixou. Dizia apenas “ Eu aceito tudo. São vivências!” “Aprendemos sempre mais alguma coisa.”
No domingo em q a neta fez anos, autorizaram que fosse almoçar a casa, regressando depois. De novo, ao telefone “Está tudo bem comigo! No caminho do hospital até aqui, aproveitei para apreciar a paisagem. As casas, tão diferentes das nossas. Que bonitas! Nos postais e na televisão também vemos, mas ao vivo, nem tem comparação.” E, sempre cheia de positivismo, a que filhos, netos e bisnetos, amigas e vizinhos se habituaram desde sempre, lá foi falando das “vivências” no hospital, das pessoas de outras nacionalidades (de passagem tb pelo hospital e pelo quarto) que foi conhecendo. Teve até pena de deixar de contactar algumas que saíram antes, que conheceu e com quem partilhou a nova experiência.
E escreveu uma longa carta, logo na primeira semana, sem pormenorizar o que lhe aconteceu, porque “após o leite derramado …”. E diz, com ar de graça, que o seu sangue é, realmente, sangue do povo. Pois, vermelhinho, em terras de Sua Majestade.
Sol,
Que Mãe maravilhosa que tu tens!
Como ela é positiva!E escreve com tanto realismo!
Adorei reler os excertos das cartas a avó, que é mmo uma única, fora de série....Maravilhosa!
A melhor avó do Mundo ;)
Bjos
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