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sábado, fevereiro 27, 2010

Conto

O revolucionário

A metralhadora encalhou naquilo q é um buraco de dente num pensamento, que não pode ser cheio por na escola se não ter aprendido a vê-lo como problema de alguém ou até ser possível curá-lo com aprendidas palavras que fazem estrutura de parede ou muro para aguentar um tecto, mas talvez o caso dele tivesse sido daquela distracção de janela que na altura era pensado disparo noutra coisa q mexia do lado de fora de si ou apenas fome a tornar o que vai lá dentro tão imenso, como um céu seco.
Diante de si, olhos numerosos de uma família imersos à força em culpa de antepassados moram pendurados, como moscas coladas em retratos pelos longos corredores e na vasta sala e até na lustrosa entrada da casa que deveria estar vazia deles, de modo a permitir comodidade aos novos olhos que nela entram, para que enfim se possam sentir ainda em mundo próprio, cobertos de cheiros que se entornem naquelas velhas paredes como se fossem em vez de algo no ar, tinta de cores fortes.
Nem sempre o tempo que resta nos deixa levar as memórias connosco, foi o sucedido àqueles que tinham tido ali como que já raízes e mais teriam se a liberdade não tivesse chegado com ele, que não tinha família antiga colocada em papel de parede, mas num sítio tal que sempre que tinha desgastada fuga, não ficavam os seus mortos para trás como coisas mas eram as próprias asas na sua coragem ou um simples assobio de pés no seu rasto, tal a atenção do espírito deles sobre si.
Que faria com todo aquele papel da história de outros?
Entre as mãos pesadas mesmo que sem nada, só acariciava a coronha órfã já, de destino possível.
in: Contos e Exercícios

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