Chove!
Os pingos de água caem na tua carita negra que sorri ao vento. Pisas o chão que é tão teu, e consegues senti-lo com os teus deditos nus e magoados.
És o garoto do bairro de lata, da miséria, do sofrimento.
Tens as mãos cheias de nada!
O dia está cinzento, feio, e cobre de bolor e solidão a tua casa de lata. Mas... tu sorris com inocência perante um presente cruel e devastador que dia a dia corrói a tua esperança.
Mas... não desistas, menino negro! Continua a sorrir e conseguirás vencer.Então os teus deditos não tornarão a pisar o chão frio que os enregela!
Lamentos amargos de uma solidão roída pelo tempo, tal parede, bloco que separa o jardim de jasmim aberto à vida!
maria eduarda
4 comentários:
Este texto escrevi-o há 33 anos!
Hoje fui ao baú das recordações e resolvi publicá-lo.
A autora tinha então 19 anos,acabada de chegar de Angola, a sua terra-mãe!
É para isto que também ser um blog. Para mostrares aquilo que fazes muito bem.
És um dos meus orgulhos.
Querida Mª Eduarda
Escreves tão bem e não dizias nada?!!!
Prosa poética, com muito sentimento e esperança. Que bom seres quem és e poder ter-te como amiga. Partilhas a dor dos outros e acreditas no amanhã!!! É assim que temos de caminhar. Aceitando, lutando, sonhando, acreditando que amanhã é sempre outro dia, com mais sol, com mais luz. Parabéns pelo texto e, já agora, faz o favor de esvrever mais.
Querida mana, iniciando apenas agora uma passagem pelo teu blogue, não poderia deixar de te felicitar por este singelo mas significante texto com que nos brindas. Para mais contextualizando-o à época e à idade que tinhas.
Obrigado por partilhares.
Vou aparecer por cá.
Beijos, adoro-te.
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